Uma simples
estação de rádio comunitária é disputada por grupos políticos rivais, com cenas
grotescas de agressão moral, ações judiciais e todo tipo de baixaria. Isso
acontece na maioria das pequenas cidades onde uma rádio comunitária transmite,
com disputas pelo comando da associação responsável pela outorga. É a guerra
pelo poder da comunicação nas ondas do rádio, controlado por legislação federal
extremamente restritiva, cujo canal mais popular de acesso, são justamente as
comunitárias.
Nos dias
atuais, controlar uma associação comunitária, ter boas relações políticas, e
algum capital, são os pré-requisitos mínimos para obter uma concessão do tipo. Dessa
forma, as chamadas “falsas comunitárias” são criadas para servir a interesses
políticos ou de pequenos empresários de comunicação, também com a chancela de
seitas religiosas em alguns casos, para fins de fazer proselitismo religioso.
São raras as rádios comunitárias que dão verdadeiramente voz às comunidades nas
quais estão inseridas.
O
mecanismo de distribuição de outorgas é mais ou menos parecido com as das
rádios comerciais, dominadas por políticos. A população servida por essas
emissoras não tem conhecimento da legislação que regula o setor, acostumada ao
controle dos meios de comunicação pelos poderosos. Não exige seu direito de
intervir na rádio, não sabe que uma emissora comunitária pertence à comunidade.
Infelizmente, as associações que dizem defender esse tipo de rádio não fazem
campanhas de esclarecimento.
“Até
hoje não se sabe quem é a presidente desta Rádio, ou quem compõe o seu
Conselho. A Rádio mais parece propriedade da Prefeita do que qualquer outra
coisa”, escreveu João Adriano Silva em seu blog, sobre a Rádio Comunitária
Alagoinha FM, de Alagoinha, Paraíba. “É preciso que os cidadãos comecem a
questionar essa rádio que não passa de um instrumento político, manipulador,
sem interesse em cultura e sem vocação para os objetivos da existência de uma
rádio comunitária”, finaliza.