Os candidatos que disputam as eleições este ano são donos ou acionistas
de 32 empresas de televisão, 141 rádios e 16 jornais impressos. A concessão
para emissoras de TV ou rádios é pública, concedida pela União e aprovada pelo
Congresso Nacional.
Para Pedro Ekman, coordenador da ONG Intervozes, a concessão de meios de
comunicação para candidatos e políticos é "prejudicial ao processo
democrático".
"O problema é que eles [candidatos donos de empresas] têm o
controle editorial sobre a programação que lhes convêm, mesmo que não façam
propaganda eleitoral abertamente. É uma vantagem sobre os demais candidatos, já
que eles pode operar sua pauta política na TV ou no rádio", afirma.
O artigo 54 da Constituição brasileira afirma que deputados e senadores
não devem "firmar ou manter contrato com empresa concessionária de serviço
público", mas não diz nada sobre candidatos. Como o artigo não foi
regulamentado, na prática políticos podem ser sócios de empresas de
comunicação, mas não podem exercer cargo de diretor.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato à Presidência da República,
declarou ações da empresa Diários Associados S/A, grupo que opera 10 emissoras
de TV, 12 rádios e 11 jornais no país. A campanha do candidato afirmou que
"o que precisa ser observado é a legislação, ele pode ser acionista. O
favorecimento do candidato se dá na prática, e deve ser fiscalizado".
O candidato que declarou maior patrimônio em veículos de comunicação foi
o ex-governador e ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), candidato ao Senado.
Ele informou ter 3,2 milhões de ações da TV Jangadeiro --afiliada da Rede
Bandeirantes--, que totalizam R$ 3,2 milhões. A reportagem entrou em contato
com a assessoria de Jereissati, que não respondeu os questionamentos feitos.
Em seguida está o candidato a deputado estadual José Sarney Filho
(PV-MA), que busca a reeleição e é filho do senador José Sarney (PMDB-MA). Ele
disse ser dono de cotas da Televisão Mirante --afiliada da Rede Globo-- no
valor de R$ 2,7 milhões. A reportagem não conseguiu entrar em contato com o
candidato.
O terceiro maior patrimônio em veículos de comunicação foi declarado
pelo candidato a deputado federal Paulo César de Oliveira Lima (PMDB-SP), que
informou der R$ 2,4 milhões em cotas da TV Fronteira, afiliada da Rede Globo.
Para Ekman, o que se tem hoje em dia são políticos operando "dos
dois lados do balcão". "O Congresso Nacional é quem concede a
concessão pública para rádios e emissoras de TV, e neste caso são os próprios
congressistas que as recebem", diz.
Portal UOL