Sr. Fábio:
Meu nome é Andréia Santos, sou de
Mari, filha de Nem do Bolo, muito conhecido naquela cidade. Quero dizer que
tenho a maior satisfação em reencontrá-lo, agora nas redes sociais. O senhor
foi uma das primeiras pessoas que me deram oportunidade em rádio. Apresentei
programa com o comunicador Wagner Ribeiro na Rádio Comunitária Araçá de Mari em
1999. Comecei nessa rádio com a idade de 8 anos, graças ao senhor e ao pessoal
daquela época, quais sejam Michele, Ricardo Alves, Luciano, Edileide Xavier,
Mércia Chaves, professora Marizete, Sueli, Severino e o Luiz Papa.
Desde garota, adorava a rádio
Araçá. Sempre que ia aos sábados para o catecismo, escapulia para a Rádio. O
senhor Fábio apresentava um programa chamado Debate Comunitário, quando houve
uma promoção: quem chegasse primeiro ao estúdio com a carteirinha do Clube do
Ouvinte ganharia um brinde. Eu peguei a carteirinha de minha avó, que era sócia,
e saí em disparada. Daí, o senhor pediu para que eu dizer meu nome no ar.
Aquilo foi um sonho! Sempre quis conhecer a rádio Araçá por dentro. Desse dia
em diante, fiquei sendo uma espécie de mascote da rádio.
Sempre que dava,
estava eu lá, lendo alguma coisa ao microfone, participando dos programas.
Passei a apresentar com Wagner Ribeiro um programa sobre a juventude, aos
sábados. Depois, fiz parte do programa Estação Saudade, com Michele.
Confesso que eu tinha medo do
senhor. Era tido como uma autoridade, chefe da estação do trem. Cheguei a
estudar com seu filho, Max, no Colégio do Dragão.
Quando a Polícia Federal fechou a
Rádio Araçá, toda cidade ficou triste. Chorei tanto nesse dia! Eu lembro quando
vocês fizeram a reunião de apoio à rádio. O Luiz Papinha anunciou nas ruas no
seu carro de som, convidando as pessoas para a reunião que aconteceu à noite,
onde hoje é a Igreja Universal. Eu não entendia muita coisa, mas vislumbrei que
ali estava acontecendo um fato muito importante para a comunidade. Uma rádio em
Mari era coisa do outro mundo!
Eu ficava olhando os
apresentadores, era tudo tão mágico! Daí surgiu minha paixão pelo rádio. Fiquei
na Rádio Comunitária Araçá por um bom tempo, até aos 18 anos. Depois fui
estudar em Bananeiras, no Colégio Agrícola Vidal de Negreiros. Tive que sair de
minha cidade. Mas foi uma aprendizagem muito boa na rádio comunitária. A vida
me levou por outros caminhos, me afastou do rádio. Ainda sonho em estudar
jornalismo futuramente, nem que seja com 60 anos. Penso em fazer mestrado na
área de comunicação e extensão na área agrária, que também me fascina.
Em Bananeiras, apresentei
programa na Rádio do Grêmio Livre da escola. Também estagiei na Rádio Talismã,
em Belém. Com o passar do tempo, percebi que a realidade do rádio não é tão
linda assim. Uns querem status, outros servem de marionetes para políticos e
acabam descaracterizando um meio de comunicação tão importante para a
comunidade. Mas o rádio sobrevive, permanece firme, apesar de tudo.
Pois, seu Fábio, obrigado por ter
me levado ao mundo mágico do rádio popular.
Andréia Santos