A cultura do
autoritarismo continua subreptícia, impregnando até as novas gerações, é o que
pensa Agnaldo Silva, diretor presidente da Rádio Comunitária Lagoa FM, da
cidade de Lagoa de Dentro, no interior da Paraíba. Segundo ele, um grupo de
moradores da cidade está organizando campanha para censurar os conteúdos
jornalísticos da emissora, evitando críticas ao novo prefeito.
A campanha está
rolando nas redes sociais com o título de “Por que não te calas, Lagoa FM?”.
Daniele Brito acha que, “se não for para fazer o bem à população, se for apenas
para fazer politicalha, que se calem e recolham-se à sua insignificância”.
Daniele acusa a rádio de ser controlada por apenas uma pessoa, que é justamente
o radialista Agnaldo Silva, “o qual pensa que tem o rei na barriga”, segundo a
ouvinte.
Agnaldo aponta para
um grupo de pessoas que fazem parte da nova gestão da cidade como responsáveis
pela campanha que ele considera ultrapassada e antidemocrática. “O mais grave é
que são pessoas jovens a pedir censura a um órgão de comunicação comunitária.
Um deles diz que ‘agora entende porque existia censura no período militar’”,
ressalta Agnaldo.
Hallef Nascimento,
um dos ouvintes que apóiam a campanha contra a rádio, garante que o prefeito
anterior é quem comandava um esquema opressor, com apoio da Lagoa FM. “Não
queremos a volta da República da Chibata em Lagoa de Dentro”, diz ele.
Na cidade de Mari,
a Rádio Comunitária Araçá FM também sofre pressão do novo prefeito da cidade,
Marcos Martins, cujo grupo agora demanda no sentido de desalojar a emissora do
prédio histórico da estação ferroviária, onde está instalada há mais de dez
anos.
Ouvido pela
reportagem, o radialista comunitário “Rato Branco”, da Rádio Comunitária Zumbi
dos Palmares, foi curto e grosso: “Quando a rádio é feita por pessoas que não
comem nos seus coxos, os poderosos denunciam e fecham, isso seja prefeito,
vereador ou governador, tanto faz o diabo como a mãe do mesmo, mas se é para
denunciar as safadezas dos insanos é bom para a cidade, no entanto, se for para
puxar o saco dos políticos locais e dos caciques estaduais, é furada porque de
comunitária só tem o nome.”