Em reunião do
diretório nacional em Fortaleza/CE, o Partido dos Trabalhadores (PT) aprovou
resolução política apoiando o projeto de regulamentação dos meios de
comunicação do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC). “O PT
se associará à campanha por um Projeto de Lei de Iniciativa Popular em favor de
um novo marco regulatório das comunicações, tal como proposto pela CUT, pelo
Fórum Nacional de Democratização da Comunicação” ressalta o partido em seu
documento.
Em outro trecho o
PT afirma que “continuará lutando pelo alargamento da liberdade de expressão no
País. Como um direito social, contra qualquer tipo de censura, restrição ou
discriminação, e insistindo junto ao Congresso Nacional para que dê eficácia
aos artigos da Constituição que disciplinam o assunto”.
Não há neste
documento ou em qualquer outro do PT ou do FNDC qualquer menção a controle de
conteúdo, censura ou qualquer outro tipo de arbitrariedade que destoe da
conquista histórica que foi o fim da ditadura (civil) militar. O que o os
segmentos que defendem a democratização dos meios de comunicação querem que
haja no Brasil, como na Europa e Estados Unidos – ditaduras capitalistas
[ironia] – o controle aos monopólios e aos oligopólios no setor.
Sempre é bom
lembrar que a regulamentação prevista na Constituição é apenas para a mídia
eletrônica, pois essa é concessão do Estado. À mídia impressa apenas o direito
de resposta precisa ser garantido e, claro, fazer valer o ônus da prova –
também para a mídia eletrônica. Afinal a impressa brasileira adora acusar.
Como sempre que
surge esse debate, desavisados ou mesmo mentirosos, levantam o falso debate de
censura. Censura há no modelo existente que é a censura econômica e ideológica.
Apenas quatro grupos determinam a comunicação no país. Grupo Folha; Estado,
Editora Abril e Organizações Globo.
É evidente que
existem outros grupos de comunicação, mas ou não tem força ou são atreladas a
ela. O grupo Rede Brasil Sul (RBS) é um bom exemplo, tem a Globo como sócia.
Aliás, a “poderosa” é dona de um sem números de empresas de comunicação,
eletrônica ou não. O grupo Estado é dona da ESPN no Brasil; a Editora Abril
além de deter a maioria das publicações impressas é dona da MTV; e o Grupo
Folha é dono dos mais variados sites de notícias como o UOL, BOL e para
completar o PSDB lhe entregou o jornalismo da TV Cultura/SP. Além é claro, das
rádios. Não se pode esquecer das rádios.
Esses quatros
grupos têm a mesma linha editorial branca, elitista, machista, homofóbica e
totalmente subserviente aos interesses do capital internacional, o que lhe dá
ainda mais força em nível internacional. Não se comportam apenas como um
partido político nacional, mas parte também de um sistema internacionalizado.
Murdoch é o melhor exemplo.
Ele é dono da FOX
nos EUA e era dono da Sky na Inglaterra e do jornal britânico News of the
World, um dos mais antigos em circulação. Na verdade era. A Justiça de lá, por
conta dos grampos ilegais o obrigou a vender suas ações nesses veículos. Não há
na Inglaterra ou mesmo aqui no Brasil a menor menção de que a Inglaterra se
tornou uma ditadura por conta disso.
Agora no Brasil,
os quatro grupos detentores da comunicação social atuam também através do
Instituto Millenium. Entre outras coisas, esse instituto seleciona “jornalistas
com futuro” para estudar nos EUA. Quem também fazia isso para formar líderes à
sua imagem e semelhança era a ditadura (civil) militar. Ela selecionava jovens
estudantes com “visão de futuro e amor à pátria” para estudarem, entre outras
coisas ciências políticas nos EUA e voltarem para combater o mal comunista nas
universidades.
Ditadura, aliás,
apoiada por esses grupos que mandam na comunicação brasileira. A Folha de São
Paulo emprestava seus carros para a polícia do exército perseguir “subversivos”
à paisana. A Globo só se tornou “A” Globo por causa de seu compadrio com regime
de 64.
Em editorial
assinado pelo próprio Roberto Marinho, o Globo publicou em 07 de outubro de
1984 “PARTICIPAMOS [assim mesmo em letras garrafais] da revolução de 1964,
identificados com os anseios nacionais... O presidente Castello Branco, em seu
discurso de posse, anunciou que a revolução visava a arrancada para o
desenvolvimento econômico, pela elevação moral e política”. Quer ler o
editorial completo? Clique aqui
Não se trata de
retaliação ao golpismo sempre presente na “grande imprensa” brasileira. Ninguém
defende que esses órgãos fechem, apenas que seja possível, em igualdade de
condições, que outros veículos, com linhas editoriais distintas surjam. Ou
seja, nada além da Constituição.