O cachorro que tem medo da pulga
A Agência Nacional de Telecomunicações, Anatel, invadiu a Rádio Pulga e roubou seu transmissor. Isso foi semana passada no Rio de Janeiro. Com 20 anos de história como rádio livre, a rádio Pulga é um dos principais movimentos culturais da Universidade Federal do Rio. Antes, os pau-mandados dos tubarões da comunicação tentaram apreender a rádio Interferência e a rádio Muda. Nesse mês de setembro, mais de sessenta rádios livres e comunitárias foram fechadas a mando do coronelismo eletrônico – empresários e políticos que dão sustentação política a dona Dilma com seu sistema ilegal de concessões que amarra as rádios e TVs ao apadrinhamento político e ao tradicional monopólio das corporações de mídia que silencia os povos do Brasil.
A Rádio Pulga vai voltar ao ar para incomodar o cachorro grande. No dia 28 de setembro, às 12 horas, está marcado um panelaço artístico no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, que depois deve se dirigir até à Anatel do Rio de Janeiro. Às 21h, outro ato no show de jazz que ocorre ao lado do Instituto.
Todo mundo que quer assumir sua condição de pulga pegue sua panela, leve um lenço para fazer de mordaça, faça o seu cartaz, leve seu zine ou performance, ou apenas vá e grite! Tome a palavra! Essa é a convocação da turma da Rádio Pulga, contra a criminalização dos movimentos sociais e a remoção de pessoas e vozes.
Em homenagem a ESMERALDA FERNANDES, líder comunitária que faleceu dia 17/9 por ataque cardíaco devido ao fechamento da rádio Verona FM no Piauí!
Envie uma mensagem ao Reitor da UFRJ manifestando apoio à Rádio Pulga e repudiando a autorização da entrada de agentes da Anatel no campus: Carlos Antônio Levi da Conceição, Av. Pedro Calmon, 550, Edifício da Reitoria, 2º andar, CEP: 21.941-901 Tel.: 2598-9602 / 9603 E-mail: reitoria@reitoria.ufrj.br
Participações já confirmadas às 12h: Anarco-funk, Reciclato, Cirko Akrata. Na retransmissão: rádio Várzea de São Paulo em 107.10 FM.
"As guerrilhas lutam a guerra das pulgas, e seu inimigo militar sofre as mesmas desvantagens que o cachorro: muito a defender e um inimigo muito pequeno, onipresente e ágil a enfrentar. Se a guerra continua por tempo suficiente - essa é a teoria - o cão sucumbe ao cansaço e à anemia, sem nunca ter encontrado qualquer coisa em que cravar suas mandíbulas ou que rasgar com suas garras."