Rádios
comunitárias cobraram ações do Executivo e do Legislativo para o fortalecimento
da comunicação não comercial. As reivindicações foram apresentadas, nesta
quinta-feira, no Fórum de Comunicação Pública, realizado na Câmara dos
Deputados. Algumas dessas ações poderão ser viabilizadas por decretos ou
portarias do Executivo, outras dependerão de alterações na lei que criou o
Serviço de Radiodifusão Comunitária (Lei 9.612/98).
Para
garantir a sustentabilidade dessas emissoras, o coordenador-executivo da
Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária (Abraço), José Sóter,
defendeu a criação de um fundo financeiro, a exemplo do que já existe para a
radiodifusão pública (Lei 11.652/08).
"A
radiodifusão comunitária precisa participar desses recursos, até para poder
garantir a sua autonomia e sua independência em relação aos poderes políticos e
econômicos de onde ela atua", disse Sóter.
Uma
proposta de fundo financeiro para essas emissoras já tramitou na Câmara em 2009
(PL 6087/09), mas foi arquivada.
Dificuldades
de financiamento
Sóter lembrou que as rádios comunitárias não têm fins lucrativos, sofrem restrições legais à propaganda e tentam faturar por meio de "apoio cultural", uma modalidade de anúncio regulamentado pelo Ministério das Comunicações e que só permite a veiculação de uma mensagem institucional, nome, endereço e telefone do patrocinador.
Sóter lembrou que as rádios comunitárias não têm fins lucrativos, sofrem restrições legais à propaganda e tentam faturar por meio de "apoio cultural", uma modalidade de anúncio regulamentado pelo Ministério das Comunicações e que só permite a veiculação de uma mensagem institucional, nome, endereço e telefone do patrocinador.
Além
disso, o apoio cultural se restringe aos anunciantes abrangidos pelo raio de 1
km da antena da emissora.
Rádio
digital
A ampliação do debate em torno da migração para a tecnologia de rádio digital é outra reivindicação da associação.
A ampliação do debate em torno da migração para a tecnologia de rádio digital é outra reivindicação da associação.
"Da
forma como o debate está feito, não temos a garantia de que seremos
contemplados com esta tecnologia, de acordo com os nossos interesses e
necessidades”, disse Sóter. “Hoje, a tecnologia do FM, por exemplo, nos atende
perfeitamente, faltando apenas o número de canais, a potência e a questão de se
definir a possibilidade de se estar em rede com essas emissoras dentro do
município para podermos fazer uma comunicação municipal", afirmou.
O
Movimento Nacional das Rádios Comunitárias (MNRC) alertou para o risco de
endividamento das emissoras diante dos custos elevados previstos na migração
para a tecnologia digital. Em média, a arrecadação mensal das rádios
comunitárias está em torno de apenas R$ 10 mil.
Aumento
da potência
A Abraço e o MNRC defenderam ainda a anistia de multas aplicadas pelo Ministério das Comunicações e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), além do aumento da potência dos transmissores.
A Abraço e o MNRC defenderam ainda a anistia de multas aplicadas pelo Ministério das Comunicações e pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), além do aumento da potência dos transmissores.
Hoje
a lei limita a potência a 25 watts, enquanto a Abraço sugere potência máxima de
250 watts, sobretudo para atender comunidades que vivem nas zonas rurais e em
povoados mais distantes.
Fiscalização
O representante do MNRC no evento desta quinta-feira, Luiz Dzulinski, também cobrou mais fiscalização do ministério sobre os desvios na radiodifusão comunitária.
O representante do MNRC no evento desta quinta-feira, Luiz Dzulinski, também cobrou mais fiscalização do ministério sobre os desvios na radiodifusão comunitária.
"Existe
um desvio muito grande em algumas regiões, com várias rádios que se dizem
comunitárias, mas que estão nas mãos de igrejas, políticos e famílias. Nós, do
MNRC, repudiamos totalmente esse tipo de comunicação. E o Ministério das
Comunicações só não pega esse pessoal porque não tem interesse", disse
Dzulinski.
O
Brasil tem mais de 5 mil rádios comunitárias autorizadas. As reivindicações da
Abraço e do MNRC devem fazer parte do documento final do Fórum de Comunicação
Pública, que será entregue à presidente Dilma Rousseff.