Rádios comerciais de Santa Catarina não dão trégua às rádios comunitárias na Justiça
As
rádios comerciais do Estado de Santa Catarina, confederadas na Associação Catarinense de Emissoras de Rádio
e Televisão – ACAERT, estão realizando uma verdadeira blitz jurídica contra as emissoras que operam com outorga de
comunitárias, na tentativa de sufocar economicamente essas rádios que, segundo
a Associação, “promovem disputa desleal no mercado”. As assessorias jurídicas das
rádios comerciais acusam as rádios comunitárias de três presumíveis
irregularidades: “comercializar espaços publicitários na programação, cobertura
maior que um quilômetro a partir da antena de transmissão e captação de apoio
cultural fora do raio de abrangência.”
As
rádios comunitárias se defendem alegando que a cobertura a partir da antena
depende da configuração geográfica do terreno onde estão localizadas e os apoios
culturais estão dentro do direito do empreendedor de anunciar seu produto,
conforme a lei do mercado. “Nenhuma legislação pode proibir alguém de anunciar
sua atividade lícita em qualquer meio de comunicação, isso é básico e estamos
contestando na Justiça inclusive as recomendações do Ministério das
Comunicações sobre o assunto”, disse Jota Farias, radialista comunitário. Para
ele, é inconstitucional toda legislação que proíbe a livre manifestação,
incluindo aí o “direito de anunciar produtos e serviços”.
Enquanto
isso, em Santa Catarina as rádios comerciais já ingressaram com 23 ações contra
rádios comunitárias nos municípios de Laurentino, Pouso Redondo, Timbó, Apiúna,
São Bento do Sul, Armazém, Rio do Oeste, Gaspar, Catanduvas, Sombrio, Irani, Correia
Pinto, Mafra, Porto Uniáo, Urubici, Vitor Meirelles, Imbuia, Taió, Indaial,
Blumenau, São Miguel do Oeste, Curitibanos e Frei Rogério, sempre com a mesma
alegação de “concorrência desleal”. Para Jota Farias, uma rádio comercial que
se preocupa com a “concorrência” de emissora com 25 watts de potência está
passando recibo de incompetência. “Não tem lógica nenhuma essa história de que
uma rádio de baixa potência, que cobre apenas um bairro ou uma pequena cidade, possa
concorrer com uma emissora comercial que opera com 200 watts”, esclareceu ele.