No
carnaval de faz de conta de João Pessoa tem uns blocos de periferia que ainda
respiram na vã tentativa de brincar no túmulo de Momo da capital da Paraíba do
Norte. O grupo de amigos da Rádio Comunitária Diversidade do Jardim Veneza se
reúne e organiza o bloco dos Donzelos. Marcelo Ricardo, Ricardson Dias e Josuel
Barriga de Mel se cotizam e botam o bloco na rua.
A
queixa do pessoal: a Prefeitura de João Pessoa só ajuda bloco que desfila no
centro e nas praias. Quem não tem prestígio com os figurões da Funjope fica
chupando o dedo, segundo dona Célia, mãe de Marcelo e madrinha dos Donzelos.
“Eles negam até uma simples orquestrazinha de dois tocadores de piston e um
tarol”, reclama dona Célia.
No
ano passado, o donzelo Ricardson Dias pensou em processar a organização por não
ter tirado o cabaço no carnaval. Entrou
e saiu donzelo da folia. Preparou-se o ano inteiro para tirar o selo e saiu
frustrado. “Vivi um trauma terrível”, disse ele, vestido de mulher fatal e
banal. Neste ano, o guarda civil Josuel Barriga de Mel promete tirar o cabaço
de Ricardson, Relaxa, Ricardinho, que o seu Barriga vai te amar na onda do
funck!
Mudando
bruscamente de assunto, vamos brincar sem esquecer que as elites usam a cultura
popular para continuar alienando o povo. Tome seu porre, brinque seu carná, mas
não tire os olhos críticos da mercantilização e manipulação midiática/burguesa
das formas legítimas da cultura popular.
Fábio Mozart