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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Agência de notícias "pública" reproduz propaganda contra a democratização dos meios de comunicação


A matéria do dia 1/10/2011 da Agência Brasil sobre a repressão a rádios livres e comunitárias, assinada pela jornalista Isabela Vieira e pelo editor Vinicius Doria, após dar a palavra final a representantes da ANATEL, termina assim: "Na tentativa de burlar o controle do Poder Público, as rádios ilegais acabam operando em frequências inadequadas e podem interferir em serviços essenciais, como controle de tráfego aéreo e comunicações da polícia e dos bombeiros, acarretando riscos à população." No artigo a calúnia não está entre aspas, o que quer dizer que foi redigida nas próprias palavras da jornalista e do editor e, colocada ao final do texto, tem o efeito de palavra final, respaldada pela credibilidade da Agência que parece falar em nome de um suposto "Poder Público" que soa como "autoridade" separada da população brasileira. Agora já foi reproduzida por inúmeros jornais em todo o Brasil.

Este fato pareceria corriqueiro, não fosse a Agência Brasil parte da
proposta do Governo de democratizar os meios de comunicação através da implantação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC): conjunto de meios que se pretendem "públicos", distintos "dos canais estatais e governamentais" por "sua independência editorial" e com "controle social". A menina dos olhos da EBC é a TV Brasil, iniciada em 2007.

Apesar disso, a matéria da EBC reproduz uma das maiores mentiras já difundidas pelo cartel dos meios de comunicação comerciais do Brasil, especialmente a ABERT: a idéia sem fundamento técnico ou científico de que as rádios comunitárias e livres são as responsáveis por problemas de interferência nas telecomunicações. Nenhuma rádio operaria fora das freqüências destinadas às FMs por uma razão muito simples: desta maneira ela não poderia ser escutada pelos "ouvintes".

A probabilidade de um transmissor causar interferência é maior quando é mal construído, ou quando é muito potente. Isso significa que as rádios de baixa potência oferecem um risco menor do que as grandes rádios comerciais, estatais ou públicas. A propaganda mal intencionada tenta fazer passar por técnica uma repressão cujo critério é político. O prof. Venício de Lima da UNB, com sua pesquisa "Rádios comunitárias: coronelismo eletrônico de novo tipo (1999-2004)", provou que mais de metade das rádios comunitárias com concessão pertencem a políticos. Isso acontece porque a lei de rádios comunitárias de 1998 e o sistema de concessões obriga as rádios de baixa potência a conseguir padrinhos políticos ou pertencer a um
deles para conseguir a concessão. Resta saber de que modo as agências de comunicação "públicas" estão sendo capturadas pelo poder dominante.

www.radiolivre.org