O meu livro “Biu Pacatuba – um herói do nosso tempo” ganhou o Prêmio Patativa de Assaré do Ministério da Cultura. Nele, eu descrevo a história da cidade de Mari em sextilhas. A obra foi lançada no Ponto de Cultura da Rádio Comunitária Araçá, de Mari, no dia 28 de janeiro deste ano. Acabou o estoque ligeirinho. Meu agente literário na área, compadre Ricardo Alves Ceguinho, ligou para meu telefone móvel pedindo urgente nova remessa de exemplares do livro para atender à lista de espera. Na foto, público jovem folheia o livro no Ponto de Cultura, reconhecendo sua própria realidade nas crônicas e poemas da publicação.
Dizem que 70% dos brasileiros são analfabetos funcionais, isto é, não compreendem aquilo que lêem. Nossos campos têm mais verde, nosso céu tem mais estrelas e nossos analfabetos são menos ignorantes. Todo mundo lê o “Biu Pacatuba” em Mari, e tem gente que até canta as estrofes. É o caso do meu amigo poeta repentista Zé Hermínio Filho. Como um escoteiro, sinto-me com o dever cumprido ao deixar para as próximas gerações a história de sua terra, salvando da vala comum do esquecimento tantos nomes de artistas, políticos e pessoas do povo que ajudaram a construir essa comunidade.
Há um rumor surdo de que o Ponto de Cultura da Rádio Comunitária de Mari vem preenchendo a chamada lacuna de produção cultural na terra do folclorista Adauto Paiva. Vindo dos campos antes manchados de sangue de camponeses, vítimas dos senhores rurais, agora surge o clarão do saber popular também no Ponto de Cultura “Liga da Cultura”. Conquistada a terra, os trabalhadores rurais do Assentamento Tiradentes, na zona rural de Mari, querem fortalecer as mentes de sua juventude com a produção e consumo de bens culturais. Em Mari, chegou-se ao extremo nessa questão. Parece-me que é a única cidade paraibana, afora a capital e Campina Grande, a contar com dois Pontos de Cultura. Diante dos limites de uma entidade desse porte, sem apoio dos poderes públicos, contando com restrito auxílio do Ministério da Cultura, é de se louvar essas pessoas que dirigem e mantêm vivas essas entidades, figuras motivadas tão somente pelo desejo de superação e pelo amor à cultura do seu povo. No Assentamento Tiradentes, tiro meu chapéu para Francisca, um quadro de grande valor na luta pela reforma agrária e pela redenção do povo do campo, ideais que nortearam a luta do grande líder das Ligas Camponesas, Biu Pacatuba.
Brevemente estarei lançando o Biu Pacatuba no Ponto de Cultura Liga da Cultura. É legal saber que a arte e a cultura estão em pauta nos assentamentos. Quero ter a oportunidade de trocar experiências e novas aprendizagens sobre o fazer artístico e a dimensão política da cultura, eu que sou coordenador do Ponto de Cultura Cantiga de Ninar em Itabaiana.