Dados são alarmantes e mostra disposição política do Governo do Estado em atuar na defesa do monopólio da comunicação.
Um rastreamento na internet, realizado pela Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária Regional São Paulo, nos sites das empresas de comunicação da capital e interior, detectaram o fechamento de 125 rádios no estado realizado pela polícia Civil.
Segundo a ABRAÇO - SP, o número de ações pode ser 30% maior, pois existem um grande número de policiais que se sentem constrangidos de realizar operações desta natureza, e ao realizarem por ordens superiores, não as divulgam.
Somente em 4 operações haviam mandado judicial para a realização das operações e na maioria delas, os representantes da polícia alegavam radiointerferências sem contudo, apresentar laudo pericial que comprovassem as denúncias ofertadas pelos agentes de repressão.
Os dados coincidem com o início das operações de duas empresas especializadas no rastreamento de emissoras, cujos clientes são as grandes emissoras comerciais filiadas a ABRA e ABERT, que rastreiam e denunciam as ações junto a polícia Civil.
Segundo Jerry de Oliveira – Coordenador Sudeste da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária “existe uma linha política de atuação desta empresa junto ao alto comando da Polícia Civil e as respostas dadas ás autoridades segue um padrão determinado, é como se as respostas fossem ensaiadas, pois as desculpas de interferências seguem na mesma linha. É como se fosse editada uma cartilha para as justificativas de fechamento. Isso mostra uma determinação política em criminalizar a liberdade de expressão”.
As empresas que prestam serviços as emissoras comerciais utilizam sites especializados em rádios e oferecem este tipo de serviço às emissoras comercias, que pode ser visualizado na Internet através do site: www.tudoradio.com.
Em uma conversa de dirigentes da ABRAÇO – SP com esta empresa, foi detectado que existem 2 tipos de serviço, sendo o primeiro deles de apenas o rastreamento de emissoras, e a entrega da documentação às autoridades competentes (no caso a ANATEL) e o segundo serviço, de um valor muito maior, para o rastreamento e fechamento imediato com a ajuda de policiais Civis.
A ABRAÇO - SP já solicitou junto à representantes da Assembléia Legislativa do estado de São Paulo, uma audiência Pública da Comissão de Direitos Humanos para apurar denúncias das ações conjuntas de policiais civis, empresas de comunicação e agentes da Anatel que atuam junto com esta empresa.
O OUTRO LADO
Segundo a ABRAÇO SP, foram pesquisadas 93 matérias sobre o fechamento destas emissoras, e em apenas quatro delas, as equipes de reportagem lembraram um dos princípios do bom jornalismo, ou seja, ouvir o outro lado, o que mostra que as ações de fechamento de rádios que são pautadas pela mídia, possuem um objetivo de apenas mostrar o lado do opressores.
Também foi verificado pela ABRAÇO - SP, que todas as matérias publicadas na mídia, estão inseridas nos cadernos policiais dos jornais ou nos blocos de TV e Rádios das Grandes emissoras, o que descaracteriza as emissoras como um problema político, mas sim uma tentativa de criminalização.
Para a ABRAÇO – SP, isso mostra que as propostas apresentadas na Conferência de Comunicação, como a ANISTIA, o fim da Repressão e a descriminalização que foram aprovadas também pelo setor empresarial da mídia não passa de uma performance política que em nada corresponde com a realidade atual.
Da redação do Jornal dos Trabalhadores
Cristiane Costa