Manobras, a
primeira rádio comunitária de Portugal em FM
A Rádio Manobras está no ar desde 2011. O estúdio provisório está
instalado nos Maus Hábitos, no Porto
Texto de Ana Chaves •
Anselmo Canha, coordenador do programa Manobras no Porto, achava que era necessário criar
uma rádio no e para o Porto. Hélder Sousa anuiu, Marisa Ferreira juntou-se e a
rádio Manobras nasceu. Sintonizam-se em 91.5 FM, em antena aberta, desde
Setembro de 2011.
O número
178 da Rua de Passos Manuel, no Porto, não os denuncia, mas foi no Maus Hábitos que
se instalou esta “rádio sem preconceitos”. Aqui qualquer pessoa pode
“manobrar" mesmo que a dicção seja caótica e o sotaque um delator de
origens. O projeto, diz Marisa convicta, é pioneiro no país: “Em antena aberta
somos os únicos”. Aqui, qualquer pessoa pode fazer rádio. Só é necessário
vontade, uma ideia e, única obrigação, que o Porto seja a inspiração do
programa.
Hélder, tem
34 anos, é produtor de teatro e é o responsável pela Manobras. Marisa, 32
anos, trocou a cenografia pela Manobras, à qual se dedica agora a tempo
inteiro. Apesar da fragilidade formal e técnica, a rádio tem emissão 24 horas
por dia, cinco das quais com conteúdos novos e três em directo.
Questionados
sobre os programas com maior sucesso, Hélder, Marisa e Filipa Mora (também
colaboradora) referem o “Contribuinte”, programa dirigido por Hélder todos os
sábados entre as 11h e as 13h. Também “Cinema”, com Luís Mestre, e o (H)aircut,
uma rubrica quinzenal com "conversa de gajas" integram o painel dos
“mais ouvidos” (vê programação à esquerda).
Recolha do património sonoro do Porto
O maior
investimento são os sons da cidade, que combina com a máxima “nunca desligamos
o gravador”. Servem como repertório de memória e depoimentos: “No fundo, no
fundo, é um arquivo de recolha do património sonoro do Porto”.
São
ouvidos, maioritariamente, por jovens entre os 25 e os 35 anos e contam com
quase 600 amigos no Facebook.
Os mentores da Rádio Manobras preveem construir uma estrutura suficientemente
sólida para não se eclipsarem num ano de crise. Uma das ideias passará por se
associaram à Universidade do Porto.
Aferir
audiências não é possível: "Não temos como saber... mas, pelo menos, todos
os meus amigos ouvem", diz Hélder entre risos. Mas sabem o que querem
e o cérebro parece não desligar da ficha. A última ideia? Encontrar o
maior coleccionador de rádios da cidade. Porquê? Marisa também não sabe,
nem interessa.