Com o objetivo de
fortalecer a campanha Para Expressar a Liberdade e o Plebiscito por uma
Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político, o SOS Corpo – Instituto
Feminista para a Democracia, divulgou duas ações em curso no movimento de
mulheres, durante a Jornada Nacional de Educadoras Feministas, encerrada hoje,
23, no Recife, com a presença de 50 mulheres de mais de 30 organizações
feministas do país.
Luisabeth Amorim, do
Grupo Cactos, e Paula de Andrade, do SOS Corpo, apresentaram a ação “Deixa eu
Dizer o Que Penso Dessa Vida”, uma iniciativa criada para aprofundar
comunicação e feminismo entre mulheres de organizações situadas em bairros e
municípios da Região Metropolitana do Recife (RMR).
Segundo Paula, a ação
surgiu como uma ideia de várias mulheres, ao final de uma oficina realizada ano
passado, pelo SOS Corpo, quando um momento de reflexão foi aberto com a canção
que contém esse verso.
Ela relembra que
“ouvir a canção, ao final da oficina, unificou o sentimento de todas as
participantes, como se um grito coletivo saísse das gargantas, depois de
refletirmos, entre outras coisas, que a timidez ou o recato das mulheres em
espaços públicos não tem nada a ver com uma característica feminina
generalizada, como querem nos fazer pensar, ainda hoje”. Essa timidez seria,
segundo conta da reflexão coletiva feita pelas mulheres, apenas um véu usado
para encobrir – como se fosse um traço de individual ou de personalidade –
aquilo que todas nós, mulheres, vivemos, e que se reforça sobretudo para as
negras. “Sofremos todas, de forma aberta ou subliminar, uma intimidação. Somos
intimidadas pela opressão do sistema patriarcal, que juntamente com o racismo e
o capitalismo nos faz pensar, desde a infância, ou que ‘não sabemos falar’ ou
que expor nossas críticas ‘não é de bom tom’”.
Assim, em poucos
dias, Cris Cavalcanti, da troça lésbico feminista Ou Vai ou Racha, que tinha
companheiras nessa oficina, criou uma imagem para uma camiseta, que foi
produzida pelo Grupo Cactus, e que está se espalhando pouco a pouco entre
grupos de mulheres que estavam na oficina e que desejaram dar expressão pública
às reflexões sobre direito à comunicação numa perspectiva crítica feminista.
Luisabeth Amorim realça, ainda, que ao se pensar na imagem, “também resolvemos
que a estampa serviria como meio de divulgar a campanha por uma Lei de Mídia
Democrática para além de nossas organizações, incluindo-a como um debate vital
entre as militantes do Fórum de Mulheres de Pernambuco”. Para ela, a ação
ajudará a trazer mais companheiras para as ações de coleta de assinaturas do
projeto da Lei de Mídia Democrática, seja a partir próprio movimento de
mulheres, seja pela atuação delas em outros movimentos sociais.
Na sequência, Joana
D’Arc, educadora do coletivo Cunhã Feminista (PB), divulgou o Plebiscito
Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. A
educadora frisou que o Plebiscito é uma das ações estratégicas da Articulação
de Mulheres Brasileiras na luta pela democratização do poder, onde também está
inserido o debate sobre a democratização da comunicação, no Brasil.
De acordo com Joana,
essa ação consolida o compromisso de diversas organizações feministas e de
outros movimentos sociais com o processo de educação popular que debaterá os
problemas do atual sistema político, com enfoque na questão da subrepresentação
das mulheres, dos povos negro e indígena, e da população LGBT. Além disso,
pretende estimular a elaboração e implementação de condições estruturais e
regras que possibilitem, cotidianamente, a paridade nas relações de poder, na
perpectiva da construção de um sistema mais democrático.
O plebiscito popular
acontecerá este ano em todo país na primeira semana de setembro. No momento,
integrantes de vários movimentos sociais estão engajadas/os na formação de
comitês locais – municípios e estados; escolas; sindicatos; locais de trabalho
etc. -, para dinamização de reflexões em todos os lugares e, posteriormente, a
instalação do processo de votação com ampla participação popular no país.
Jornada
A Jornada Nacional de
Educadoras Feministas aconteceu de 20 a 23 de fevereiro em sua terceira etapa.
De acordo com Paula de Andrade, a intenção do Instituto é seguir divulgando o
projeto de Lei da Mídia Democrática e o Plesbiscito Popular ao longo do ano,
nas atividades promovidas em Pernambuco e em outros estados do país.
“Pretendemos reforçar a coleta de assinaturas para as duas iniciativas entre as
participantes de nossas atividades de formação e articulação, inclusive
distribuindo folhas de coleta para que elas mesmas possam se somar às
iniciativas em suas cidades, se assim desejarem.
Abraço Nacional