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segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Trabalho acadêmico analisa rádios comunitárias de Santa Catarina




No Brasil, o surgimento das rádios comunitárias fez parte de um movimento que pressionava pelo direito à Comunicação e pela democratização dos meios. Os movimentos populares, além de cobrarem do Estado o reconhecimento legal das experiências comunitárias, buscavam garantir o acesso a um meio de Comunicação relativamente barato, através do qual pudessem multiplicar o trabalho de conscientização política, a luta por direitos, cidadania e a construção de contra-hegemonia a partir do espaço local.

É em torno desse cenário que se constrói Gestão e mediações nas rádios comunitárias, obra que reúne os resultados da pesquisa de mestrado realizada por Terezinha Silva, entre 2003 e 2005, no Curso de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A obra tem como objetivo analisar o processo de desenvolvimento e consolidação das rádios comunitárias em Santa Catarina, focalizando o papel exercido pelas emissoras populares nas experiências locais de aprendizado e de exercício de cidadania.

Na introdução, a autora lança duas hipóteses que norteiam sua investigação. A primeira pressupõe que a rádio comunitária possibilita aprendizado para o exercício da cidadania mais pelo processo de gestão coletiva do que propriamente pelos conteúdos da programação; e a segunda, assume como premissa que a gestão de uma rádio comunitária é uma iniciativa de concorrência com emissoras comerciais, que, em certo ponto, é controlada pela iniciativa jurídica vigente, mas ao mesmo tempo é incentivada e conformada pelas demandas da economia, da vida política e das afirmações identitárias locais.

A obra tem consistência teórico-metodológica e se constrói empiricamente por meio de uma abordagem qualitativa calcada no uso da técnica da entrevista como principal procedimento. A partir do mapeamento meticuloso das rádios de baixa potência em funcionamento no estado de Santa Catarina, a autora seleciona seis rádios comunitárias para compor o universo empírico. A seleção abrange uma emissora classificada como mista - por aliar iniciativa e/ou gestão individual, com certa abertura à comunidade - e outras cinco comunitárias, representadas por aquelas emissoras em que a comunidade, diretamente ou através das associações de moradores e outras entidades, participam da gestão e/ou da produção dos conteúdos veiculados. Um critério consistente no processo de escolha desse corpus foi o de contemplar experiências realizadas nas quatro regiões do estado catarinense.