A comunicação comunitária é tema de um encontro realizado no campus da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, na zona sul da capital fluminense. É o 1º Seminário Regional de Comunicação Comunitária, que terminou quinta-feira (19).
Na mesa de abertura, os
palestrantes introduziram o tema ao responder “O que é comunicação
comunitária?”. A comunidadora popular, Gizele Martins, mediadora da mesa,
destacou que a comunicação comunitária tem o papel de mobilizar comunidades. Ela ainda
acrescenta que é na comunicação comunitária que manifestações culturais
populares como o funk são analisadas sem serem criminalizadas, como faz
mídia tradicional.
Tião Santos, representante da
organização Viva Rio, falou sobre gênese do movimento de rádios comunitárias no
Brasil. Ele contou que em 1995 um grande encontro definiu os três princípios da
radiodifusão comunitária, são eles: sem fins de lucro, a pluralidade e a gestão
democrática e coletiva.
Sobre a lei 9.612, atual
lei da radiodifusão comunitária, a professora da Universidade Federal
Fluminense (UFF), Patrícia Saldanha, ressaltou que ao proibir a formação de
redes de rádio, a norma estaria restringindo o potencial da experiência
comunitária.
A importância das novas
tecnologias foi destacada pelo representante do Obervatório de Favelas, do Rio
de Janeiro, Thiago Ansel, que apresentou um mapeamento de veículos de
comunicação em favelas e espaços populares. Segundo ele, dos 73 veículos
mapeados, 46 apareceram na última década, o que se justificaria pelo surgimento
das novas tecnologias.
Thiago ainda reforçou que as mídias
comunitárias tem fundamental importância em espaços como as favelas, pois
também servem para valorizar as vidas que ali vivem, além de “politizar os
debates e demandas” desses locais.
Outro palestrante, Daniel
Perini, da Fábrica do Futuro de Cataguases, Minas Gerais, deu exemplo de
projetos de residência criativa com audiovisual. Além de apresentar
experiências de alguns projetos colaborativos, Daniel ressaltou que para
comunicação comunitária é importante o empoderamento e a autonomia dos
participantes.
Segundo ele, nos processos
colaborativos não é possível trabalhar individualmente. Daniel afirma que para
“ gerar um coletivo que se fortaleça é preciso que haja revezemanto nas funções
inclusive no campo da comunicação”.