Por Breno Salvador*
Em debate com alunos da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o pesquisador em comunicação, João Paulo Malerba (foto), discutiu o cenário atual das rádios comunitárias, as atuais leis de mídia na América Latina e a liberdade de expressão em conflito com interesses de mercado.
Malerba é Mestre pela Escola de Comunicação da UFRJ e pesquisador do Laboratório de Estudos em Comunicação Comunitária (LECC), da mesma instituição. Ele criticou o poder mercadológico sobre as comunicações, o que “fere os princípios defendidos na Carta Universal de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas e na Constituição brasileira”.
Para o pesquisador, representante brasileiro da Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc), com a privatização dos meios de comunicação, os interesses pessoais dos detentores do capital são defendidos. Isto ocorre através da transmissão de conteúdo em seus canais de mídia, em detrimento da difusão de programas educativos e culturais não vinculados a interesses econômicos e políticos de minorias.
O panorama atual das telecomunicações foi amplamente debatido por Malerba. Citando as novas leis progressistas de comunicação adotadas em países como Espanha e Argentina, responsáveis por um aumento na democratização da radiodifusão, o pesquisador analisou as contradições políticas na comunicação brasileira. Para ele, o governo Lula reduziu desigualdades sociais, mas não foi efetivo na democratização do acesso e da produção de conteúdo de mídia.
Segundo Malerba, o discurso ideológico dos poucos detentores do poder econômico raramente vai de encontro aos interesses da sociedade e faz com que os cidadãos de diferentes classes se adequem a ideias tendenciosas. Ele citou como exemplo a capacidade da mídia hegemônica de estigmatizar as periferias, chamando as rádios comunitárias (“livres”) de rádios “piratas”.
O pesquisador concluiu sua fala debatendo casos como o recente fechamento da rádio livre Santa Marta, do bairro de Botafogo, e a capacidade de produção de conteúdo livre na internet. Após afirmar que o mercado “desestabiliza fortemente a liberdade nos meios de comunicação”, Malerba arrancou aplausos dos presentes na discussão.
*Aluno do ciclo básico da ECO/UFRJ