A Associação Brasileira
de Radiodifusão Comunitária no Estado da Paraíba – Abraço, externou sua
preocupação com as músicas que seriam executadas durante os festejos juninos.
Para a Abraço, a visão dos diversos questionamentos debatidos e ouvidos nos espaços das
discussões das emissoras comunitárias leva ao entedimento de que rádio
comunitária “deve ser instrumentos da boa música, e não reproduza ou imite
programação das emissoras comerciais, onde a única finalidade é o lucro pelo
lucro”. Na nota, a Abraço conclama que as rádios comunitárias sejam um
instrumento de descoberta dos artistas locais e regionais, dando espaços e
ajudando a lapidar, cada vez mais a boa música, “principalmente o nosso forró
pé de serra.”
Implicitamente, a entidade representante das
rádios comunitárias faz uma crítica à programação das rádios comerciais que
prioriza as bandas do chamado “forró de plástico” em detrimento das
manifestações autênticas da música nordestina. “Nós, comunicadores populares,
temos um discernimento claro do que é música para nossas vidas e o que é música
apenas para o faturamento do mercado produtor do capital”, diz a nota da
Abraço, assinada por José Moreira, Daniel Pereira e Maria Neuma Rodrigues.
As bandas de forró “estilizado” estão no
centro de um debate que se arrasta nos meios comunicacionais e culturais. O
atual Secretário de Cultura da Paraíba, cantor e compositor Chico César,
determinou que os órgãos governamentais ligados à cultura e ao turismo não
deveriam contratar esses conjuntos, o que desencadeou imensa discussão no
Estado entre empresários de bandas, agentes culturais e emissoras de rádio, uns
a favor e outros contrários ao pensamento de Chico.
Para botar pimenta no assunto, a Polícia
Federal explodiu um esquema de superfaturamento de shows envolvendo empresários
desse tipo de banda na Paraíba, culminando com a prisão de vários deles,
juntamente com alguns prefeitos e secretários municipais.
Para o cantor e compositor paraibano Orlando
Otávio, as bandas de forró estilizado são instrumentos de dominação do povo,
“ao despir esse povo de sua cultura natural, daquilo que o identifica enquanto
grupamento social homogênio, com linguagens e referências próprias.” Para ele,
esse tipo de música é apenas jogada de marketing que distorce as festas
juninas.