SÃO LUÍS – No último dia do Encontro de Rádios Comunitárias, UFMA, líderes comunitários e representantes da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária do Maranhão, Abraço,
discutiram propostas de melhorias das rádios para difundir informação
com qualidade. As propostas foram entregues ao reitor em forma de uma
Carta de Intenções.
Temas como o Direito à informação e Parcerias entre rádios
comunitárias e UFMA foram debatidos pelo advogado da Ordem dos Advogados
do Brasil no Maranhão, Rodrigo Pires Ferreira Lago; pelo tesoureiro da
Abraço, Raimundo Pereira e pelos professores da Universidade, Francisco
Gonçalves, Rose Ferreira e Ed Wilson Araújo.
Durante as palestras, o ponto crucial e inovador debatido foi a
proposta de criação de fundo de recursos para que as rádios e a Abraço
mantenham sua estrutura e continuem a funcionar. A ideia, segundo o
tesoureiro da Abraço, Raimundo Pereira, é ter a colaboração financeira
de cada rádio comunitária para esta questão financeira. “Já é o segundo
dia de debates sobre esse assunto”, disse.
“A proposta foi considerada muito boa pelos participantes, porém, há
um entrave que envolve a lei, que não permite o apoio financeiro às
rádios comunitárias. Contudo, estamos tentando resolver este problema
por meio de um projeto que já está tramitando no Congresso Nacional,
para algumas modificações nessa mesma lei”, afirma Raimundo Pereira.
Democratizar a informação – Além da questão financeira, a parceria
entre o Departamento de Comunicação Social e rádios comunitárias também
foi discutida. Estas, por sua vez, irão divulgar o conhecimento
científico encontrado na universidade, de forma a democratizá-lo e
traduzi-lo, envolvendo o saber popular encontrado nos povoados
maranhenses, público alvo das rádios comunitárias. “Democratizar
significa mais do que simplesmente transmitir a informação, mas sim deve
haver um esforço colaborativo de tradução da linguagem acadêmica para a
linguagem popular”, explica o professor Francisco Gonçalves.
Colaborando com a fala de Francisco Gonçalves, a professora Rose
Ferreira afirma que essa articulação entre saber popular e produção
científica se configura como uma relação de reconhecimento da união
desses saberes.
Carta ao Reitor – Ao final dos debates e palestras, foi elaborada uma
Carta de Intenções ao Reitor Natalino Salgado, com propostas para que a
UFMA colabore com o trabalho das rádios comunitárias. Entre as
sugestões expressas na carta, estão a criação de cursos de gestão e
administração de rádios comunitárias, de locução e redação, e a
elaboração de projetos para conseguir recursos, além da disponibilização
de uma estrutura com internet por parte da UFMA.
Representando o reitor, a professora Ester Marques esteve presente
para receber a carta e levar as propostas contidas no documento. Durante
a sua fala, a professora reafirmou o compromisso de parceria da UFMA e
do Departamento de Comunicação Social com as rádios comunitárias e a
Abraço. “É importante que a discussão sobre a questão das rádios
comunitárias avance”, afirma.
“A UFMA se propôs a receber e organizar o Encontro, pois a questão
das rádios comunitárias ainda não é reconhecida pelo Estado. Assim, a
UFMA apoia este evento porque as rádios têm um papel importantíssimo de
informação, de socialização e de integração do conhecimento,
proporcionando o desenvolvimento das comunidades locais”, explicou a
professora.
SBPC – O encontro faz parte da programação da 64ª Reunião Anual da
Sociedade Brasileira de Progresso à Ciência, este ano sediada na UFMA
entre os dias 22 e 27 de julho. Segundo Ester Marques, as rádios
comunitárias têm um papel fundamental ao tema proposto pela 64ª Reunião:
“Ciência, Cultura e Saberes Tradicionais para Enfrentar a Pobreza”. “As
rádios comunitárias têm um papel fundamental na divulgação do
conhecimento às comunidades tradicionais. É uma ferramenta de produção
da cidadania, pois elas chegam a todos os lugares”, concluiu Ester
Marques.
Informações: UFMA