O Coordenador Geral da Associação Brasileira de Radiodifusão
Comunitária, José Sóter, disse que considera perigosa a relação de dependência
entre o público e o privado no caso da parceria proposta pela Associação
Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) para financiar sistema de
informática destinado a automatizar os processos de outorga no Ministério das
Comunicações. Segundo Sóter, a Abraço sempre defendeu a criação de um conselho
de acompanhamento de processos no MC para agilizar as tramitações dos
processos. “O Governo nunca aceitou nem conversar com a Abraço sobre a questão.
Nós não temos recursos financeiros para financiar informatização, mas temos
pessoas envolvidas com a radiodifusão democrática e disposição para
participação voluntária no processo”, esclareceu.
Já o Secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica do
Minicom, Genildo Lins (foto), afirma estar mais preocupado com a qualidade do produto
que vai ser “doado” pelos empresários. “Nós não sabemos sequer quem são os
financiadores. Se o produto não for bom, o setor privado vai ter gastado os
recursos desnecessariamente”, analisa.
O Secretário também não vê problemas na relação próxima dos
empresários de radiodifusão com o ministério que regulamenta e fiscaliza o
setor. “Se o Movimento Brasil Competitivo nos entregar um produto que atenda às
nossas necessidades, nós vamos aceitar de bom grado. Afinal, se o governo não
consegue arcar com os custos desse sistema, que é muito caro, nós não podemos
dizer que o setor privado não pode ajudar o governo”, justifica Lins.
Por outro lado, José Sóter, das rádios comunitárias, disse
não “confiar em lobos tomando conta das ovelhas”. Para ele, existe o sério
perigo de se abrir brechas na segurança da rede interna de computadores do
Ministério, deixando margens para obtenção de informações privilegiadas.
“Desconfio das reais intenções dos radiodifusores comerciais”, afirmou ele, que
acha uma humilhação para o Governo aceitar esse patrocínio da Abert.