Aperte o play e curta nosso som

terça-feira, 19 de junho de 2012

Rádios comunitárias na internet



O rádio conquista a rede mundial de computadores, sem encontrar barreiras, ultrapassando fronteiras e limites, alcançando todo o Brasil, assim como o mundo. A transmissão por ondas sai de cenário e entra a transmissão on line. Não só rádios comerciais começaram com esse tipo de transmissão, mas as comunitárias também encontraram espaço, transmitindo programações ao vivo através da internet.
Com o objetivo de fortalecer a democratização da comunicação e exercer a cidadania, a rádio comunitária viu a internet como um meio alternativo e uma oportunidade de informar com liberdade, driblando as perseguições, o preconceito e a exclusão. O número deste tipo de emissoras que usam a web ainda é pequeno, devido à falta de recursos, dentre outras dificuldades, mas está cada vez mais barato investir numa transmissão na rede.
A rádio comunitária RP Notícias, de Rio das Pedras, Jacarepaguá, migrou para a internet há cerca de um ano, com a pretensão de estender a sua programação a outras cidades e países. A rádio ampliou, assim, a relação entre público e locutores, mas sem deixar a transmissão por antena. É o que explica a diretora Vanda Santos: “A rádio convencional tem um limite de alcance – funciona apenas nas adjacências. Na net, ela vai além e a audiência é bem grande em outras cidades do Brasil, principalmente no Nordeste”, diz.
Miranda, dirigente da Rádio Jovem, de Casimiro de Abreu, no estado do Rio de Janeiro,  diz que a transmissão via internet foi um complemento, porque viu a necessidade de aumentar a abrangência da emissora, que tem um limite de potência.
Outra comunitária que alçou vôos rumo à web há três anos é a Rádio Maré,também do Rio de Janeiro. O diretor Wladimir Aguiar acredita que as transmissões analógicas serão extintas e por isso viu a internet como um meio de explorar novos públicos e garantir um espaço.
Ele explica que as transmissões on line oferecem uma grande flexibilidade tecnológica: “Alguns programas são produzidos e veiculados ao vivo, fora da favela, e transmitidos remotamente pelo estúdio principal. Temos total controle do estúdio do Morro do Timbau, no complexo de favelas da Maré. Muitas entrevistas são transmitidas ao vivo, sem a necessidade de estar no estúdio".
Perguntado sobre as diferenças entre a Rádio Maré “antena” e a Rádio Maré na internet, Wladimir Aguiar responde que não existe nenhuma, em questão de programação, mas em questões técnicas, sim: “A interação é “full-duplex”, na qual o ouvinte interage e se integra na programação de qualquer lugar do planeta, desde que tenha uma conexão com a rede mundial de computadores. Isso derruba qualquer tentativa da grande mídia de limitar nosso raio de alcance a 1 km".
O diretor da Rádio Maré desabafa: “Agora, o que vale é a qualidade da programação. É a democracia nos meios de comunicação na marra. Esse é o preço que terão de pagar pelo progresso. Nunca o movimento pela democracia nos meios de comunicação poderia imaginar que seria tão fácil montar uma rádio. São os novos tempos da comunicação. Por R$ 9,90, se pode transmitir uma rádio na web. Estou muito feliz por isso. Lembro de muitos companheiros que foram presos, humilhados e processados. Isso prova que estávamos certos, pois a lei de radcom ficou esdrúxula. E agora, a web rádio vai derrubar avião?”, questiona.
Wanderley Gomes diz que a Rádio Estilo Livre, no Vidigal, da qual é dirigente, ainda encontra-se fora da internet, pois o custo é alto e a emissora não tem condições de bancar. Ele acredita que, se os custos fossem barateados, isso seria uma realidade.

Estima-se que 286 rádios comunitárias estão na web, sendo 21% no Rio de Janeiro, 48% em São Paulo, 19% na Bahia e 32% em Minas Gerais, entre outros estados brasileiros, segundo dados do Ministério das Comunicações, de 02 de junho em 2008.

Por Lucadeoli
Santa Tereza - Rio