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terça-feira, 22 de maio de 2012

Trecho de entrevista com militante da Rádio Comunitária Cantareira


Curso de rádio na Associação Cantareira

José Eduardo de Souza, ou Zé Eduardo, como gosta de ser chamado, possui uma série de atividades como jornalista, que vão desde o trabalho de assessoria de imprensa até a luta sindical. Uma delas se destaca: a atuação como educador popular na Rádio Comunitária Cantareira. 

Luciano Maluly:  Quais as prioridades ou as necessidades de uma Rádio
Comunitária?

Zé Eduardo: A rádio comunitária existe em função de uma comunidade, de um lugar específico, geográfico. Ela não é uma rádio, pensando em termos da cidade de São Paulo, de abrangência da cidade, muito menos de uma macrorregião da cidade. Ela se resume a um bairro, uma pequena região. No caso nosso, é a região Brasilândia, que tem hoje aproximadamente duzentos mil habitantes. Então é para essa região que existe
a Rádio Comunitária Cantareira. É claro que nós estamos na Internet. Quem acessar a Internet no www.radiocantareira.org vai ouvir a Rádio Cantareira, na Brasilândia, falando do local e também de outros temas que interessam. 

Então o objetivo fundamental de uma rádio comunitária é servir a uma comunidade, que normalmente
não aparece na mídia comercial. Então a gente não tem vez, não tem voz, nem espaço na mídia comercial, seja mídia impressa, na televisão ou no rádio. Se nós olharmos a periferia da cidade de São Paulo e das grandes cidades, e se nós olharmos, sobretudo a televisão e mesmo o rádio, a gente vai ver que a periferia aparece em situações muito específicas, quais sejam: a violência policial, então dá a impressão de que na periferia só existe a violência e só existem problemas; ou então quando acontece algo muito
inusitado, que não tem como esconder, que pode ser algo muito bom, legal e interessante. 

Então é dessa forma que aparece a periferia. Mas, na periferia, não acontece só violência, não acontecem só situações de morte e situações de abandono, de esgoto a céu aberto. Tem atuação interessante, muito movimento cultural. Existem jovens e outros grupos fazendo música, teatro e cinema na periferia. Grupos cuidam de crianças, para que não caiam no mundo da violência e das drogas. Há famílias e trabalhadores envolvidos em solidariedade com os vizinhos. Muita gente cuida de idosos e de crianças doentes.

 Essas coisas não aparecem na mídia, até porque não é de interesse mostrar que na periferia há vida inteligente. A rádio comunitária tem como prioridade despertar e mostrar essa ação que acontece na periferia, as ações de lutas em defesa da vida, em defesa de uma melhor qualidade de vida, mas também despertar para participar. Despertar para que as pessoas possam engrossar mais esse caldo cultural,social, da luta por melhores condições de vida, do rap, do hip hop, do samba, do forró, das músicas que aparecem na periferia, que determinam a prioridade da Rádio
Comunitária.

Leia a entrevista completa: