Fábio Mozart
A deputada federal Luiza Erundina tem 80 anos, é baixinha e fala suavemente, mas transmite uma energia cívica enternecedora. Ela é ainda uma das maiores lideranças femininas deste país de machos safados. Admiro Luiza Erundina também porque é uma das raras vozes no Congresso Nacional que clamam e brigam pela democratização dos meios de comunicação, incluindo as rádios comunitárias.
Ela coordena a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e o Direito à Comunicação com Participação Popular (Frentecom) e pauta seu mandato em defesa de uma comunicação decente no Brasil onde só algumas famílias são donas de todos os canais de TV e rádio, nação que manda prender uma dona de casa humilde só porque ela estava operando um transmissor de rádio de baixa potência, enquanto permite a bandalheira das empresas comerciais de radiodifusão controladas por Sílvio Santos, a família Marinho, Edir Macedo e seus bispos e mais meia dúzia de tubarões nos Estados. No Ceará, quem manda no ar é a família Jereissati; no Rio Grande do Norte, família Maia; na Bahia, os Magalhães; em Alagoas, os donos das ondas sonoras são os Collor; na Paraíba, a família do empresário dono do Sistema Correio.
Luiza Erundina esteve na Paraíba, onde falou no Seminário da ABRAÇO/PB que reuniu comunicadoras comunitárias e jornalistas neste sábado, dia 9. Aproveitei para oferecer à deputada paraibana um exemplar do meu livro “Democracia no ar”, onde se diz que a imensa tragédia da imbecilização em massa levada a cabo pelas TVs e rádios comerciais talvez seja a mãe de todas as outras mazelas sociais que infelicitam nosso povo.