Charge de Rafael Costa |
A
rádio comunitária que faz jus a este nome é facilmente reconhecida pelo
trabalho
que desenvolve. Ou seja, transmite uma programação de interesse social
vinculada à realidade local, não tem fins lucrativos, contribui para ampliar a
cidadania, democratizar a informação, melhorar a educação informal e o nível
cultural dos receptores sobre temas diretamente relacionados às suas vidas. A
emissora radiofônica comunitária permite ainda a participação ativa e autônoma
das pessoas residentes na localidade e de representantes de movimentos sociais
e de outras formas de organização coletiva na programação, nos processos de criação,
no planejamento e na gestão da emissora. Enfim, se baseia em princípios da comunicação
libertadora que tem como norte a ampliação da cidadania. Ela carrega,
aperfeiçoa e recria o conhecimento gerado pela comunicação popular, comunitária
e alternativa no contexto dos movimentos sociais na América Latina desde as
últimas décadas do século XX.
Mas
a flexibilidade na classificação das rádios comunitárias é recomendável, afinal
como disse Tomás de Aquino, “a vida transborda o conceito”. Há casos históricos
em que mesmo faltando um ou outro desses aspectos em uma rádio, esta consegue
prestar bons serviços à comunidade onde se insere. Há rádios que facilitam mais
o acesso na programação. Outras, embora sejam conduzidas por pessoas
comprometidas com a melhoria da “comunidade”, não têm tradição de facilitar o
envolvimento amplo de representantes das organizações locais na gestão.
Publicado
no livro O retorno da comunidade: os novos caminhos do social, organizado por Raquel Paiva. Rio de Janeiro.