domingo, 14 de março de 2010
Rádios comunitárias na periferia de João Pessoa
Fábio Mozart
Meu compadre Pedro Osmar me telefona pra dizer que na Fundação de Cultura da Prefeitura de João Pessoa rola edital para selecionar oficineiros. Pede para que um dos caras do movimento de rádios comunitárias se inscreva, porque Pedro é um militante desse movimento que quer dar voz aos manos da periferia através de estações de rádios de baixa potência. “Precisamos de bairros falantes e pensantes”, pensa Pedro.
Ele não só pensa como vai com a mão na massa. Para Pedro, cada comunidade deve ter seu jornal, sua rádio, sua própria TV. “O nosso papel é investir no potencial militante, crítico e criativo contra o atraso, a ignorância e a miséria”, diz Pedro Osmar.
Nós da Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares aceitamos o desafio proposto pelo multimídia Pedro Osmar, o homem que filmou o documentário “Jaguaribe em Pessoa” e não consegue editar. Faltam condições técnicas e capacitação, equipamentos e espaços públicos para que a massa produza sua própria mídia.
A proposta é realizar oficinas de rádios e jornais comunitários, a partir das experiências do coletivo que gerencia a Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares e jornal OLHOS ABERTOS, do Conjunto Ernesto Geisel, com sede no Centro Comunitário daquele bairro.
A criação do jornal e da rádio foi uma das medidas desenvolvidas pela comunidade por entender que é primordial se ter uma alternativa à comunicação de massa que se limita a passar uma verdade, a qual nunca é a verdade do povo nem condiz com sua realidade.
As oficinas montadas pelo coletivo servirão de base para que outras comunidades aprendam mais sobre as alternativas dos trabalhadores neste campo midiático. Ideia lançada, vamos ver se é aprovada. Sendo aprovada, lá vamos nós para o Grotão, para o Geisel, Jardim Veneza, Timbó, Mandacaru e outras paradas, capacitar as pessoas envolvidas para a produção em mídia impressa e radiodifusão, possibilitando que os cidadãos conheçam e se apropriem dos mecanismos e ferramentas da comunicação, passando a determiná-los, e oferecendo espaço para escritores e artistas da comunidade, possibilitando que moradores da periferia, tradicionalmente excluídos como sujeitos do processo simbólico, possam entrar em cena para produzir sua própria imagem.
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