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sábado, 20 de março de 2010

Rádio Comunitária deve tocar músicos do esquema de “jabá”?


Recebemos a seguinte mensagem:

“Será que devemos divulgar em nossas emissoras os artistas que só fazem sucesso por causa do ‘jabá’? As Rádios Comunitárias têm que valorizar os artistas locais e abrir espaço na grade de programação para o músico independente. Sei de uma rádio em João Pessoa, Paraíba, onde 90 por cento dos artistas divulgados são paraibanos e independentes. É a Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares, que dá esse exemplo para todo o país de como tocar música boa e de artistas sérios, sem comprometer a audiência. Essa mágica eles conseguem botando a voz do povo da comunidade no ar de 15 em 15 minutos.

O cantor e compositor Lobão é um dos poucos artistas nacionais que são divulgados nessa rádio comunitária. Lobão é um dos raros cantores e compositores que questionam e discutem a diversidade musical nas rádios e mecanismos para coibir as gravadoras de pagar para inserir músicas na programação das emissoras – prática conhecida como “jabá”. A Comissão de Educação da Câmara Federal debate uma legislação que prevê punição para pessoas e emissoras que receberem propinas para executar uma música. O projeto é de autoria do deputado pernambucano Fernando Ferro. Para ele, o jabá distorce completamente a produção e a divulgação da música no Brasil.
No caso das rádios comunitárias, como são de pequeno alcance e fora dos esquemas, não recebem “jabá” mas mesmo assim seguem a linha de programação das emissoras comerciais, pelo menos a grande maioria. Nos Estados Unidos e na Austrália já existe uma lei específica para esse fim. As rádios comunitárias têm o papel importante de garantir visibilidade à música independente e democratizar o rádio, tornando sua programação mais plural.

O primeiro efeito negativo do “jabá”, segundo Lobão, é o excesso de repetições de uma mesma música. As entidades que defendem as rádios comunitárias, como a ABRAÇO, deveriam premiar a rádio filiada que aumentar seu cardápio de programação e valorizar o artista local. Essa campanha contra o “jabá” pode até diminuir o preço do disco. Um CD de grupos independentes é vendido a R$ 12,00.”

Clévia Paz
Radialista comunitária