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domingo, 11 de outubro de 2009

O CARA DA RÁDIO ZUMBI


Um jornalista sem culpa publicou entrevista com o mano Gilberto Júnior, o cara da “banda de um homem só”, em jornaleco da periferia de João Pessoa. O mano Gilberto Júnior tem uma idéia simples: fazer com que todo artista do subúrbio tenha um canal de expressão de sua arte. Como toda idéia simples, essa é de difícil execução. Pára logo na falta das tais políticas públicas em perfeita conformidade com as carências, aspirações e cultura da rapaziada que mora nas tais comunidades de baixa renda. Tem neguinho de fundação de cultura que pensa que hip hop é coisa de preto maconheiro e vagabundo.

O caso aqui é literatura, a que vem da periferia. O mano Gilberto é músico, poeta e escritor. Dos bons. Nas horas vagas, manda ver na rádio comunitária Zumbi dos Palmares, no pomposo cargo de Diretor de Cultura. Alguém classificou o trabalho de Gilberto como “literatura marginal”. Ele escreve contos que falam sobre seu cotidiano de modo irônico, dando voz aos grupos excluídos da sociedade, denunciando a violência e a falta de perspectiva dos jovens. Seu trabalho também procura valorizar aspectos positivos da periferia, onde “não existe só violência, mas tem arte e solidariedade, tem cultura e originalidade”. Os textos do cara reproduzem gírias próprias do seu meio. Ele não quer chegar ao grande circuito editorial, apenas publicar seu livro para o público dos bairros da zona sul de João Pessoa. Sua visão é a dos rappers, que abordam a dura realidade dos subúrbios pessoenses. Seu sonho é formar pensamento crítico na galera, através da literatura, da poesia, da música e da rádio comunitária, de quem é aguerrido militante.

A rádio comunitária Zumbi vem fazendo seu papel, botando no ar a força da arte e da cultura dos bairros no entorno do Ernesto Geisel. O trabalho sério vem atraindo pesquisadores e artistas interessados em entrar em contato e conviver com os produtores dessa força. Por falar nisso, amanhã no nosso blog vou falar do jornalista Dalmo Oliveira, que faz o programa “Música e Cidadania”.