Redação: ABRAÇO
A entrevista concedida pelo coordenador de comunicação da ABRAÇO Nacional, Josué Franco Lopes, à Agência Brasil foi distorcida pelo presidente da ABERT. Na entrevista Lopes cobra a fiscalização do governo federal em relação às rádios que não cumprem com a função comunitária: “Das autorizadas a funcionar, a grande maioria é ligada a igrejas, políticos ou a alguma picaretagem”, diz Lopes, para quem isso se deve à inexistência de um órgão que controle o setor com a participação da sociedade civil.” A seguir o coordenador de comunicação da ABRAÇO Nacional denuncia: “Enquanto processos de associações e fundações legitimamente comunitárias levam anos tramitando no Ministério das Comunicações, processos de rádios ligadas a lideranças políticas ou a grupos econômicos são julgados com maior rapidez”.
Entretanto, o presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão, Daniel Slaviero, cita um trecho da entrevista para legitimar a campanha da entidade que preside contra as rádios comunitárias, critica Lopes. Slaviero afirma: “A Abraço reconhece agora o que a entidade da radiodifusão comercial tem denunciado há muito tempo. Temos repetido que existem cada vez mais rádios ditas comunitárias atuando ilegalmente, numa concorrência desleal com as emissoras comerciais”. A forma como foi feita a citação da entrevista retira a fala do contexto que é o da defesa da função pública das rádios comunitárias e da cobrança de transparência nos processos de outorga.. Na mesma matéria João Carlos Santim, da Rádio Ascucca de Campos Novos (SC) e coordenador jurídico da ABRAÇO Nacional afirmou: “As rádios comunitárias são importantíssimas porque têm uma outra visão do que é comunicação. Acho que o que caracterizou a resistência às rádios comunitárias foi essa campanha das rádios comerciais querendo nos criminalizar.” No entanto esta parte da entrevista é omitida na matéria da entidade patronal.
Lopes classifica a atitude da ABERT como: “Covardia. A ABERT fugiu da Conferência Nacional de Comunicação e agora fica fazendo provocação” (referência à saída da ABERT da Comissão Organizadora da Conferência Nacional de Comunicação). Lopes afirma: “O espaço para fazer o debate sobre a comunicação é a CONFECOM, mas desse espaço democrático a ABERT se retirou. A entidade empresarial não quer discutir o monopólio, a propriedade cruzada e se nega a aceitar qualquer tipo de controle social”. O coordenador de comunicação da ABRAÇO Nacional lamenta que os empresários da comunicação “fujam do debate público sobre a forma como atua a mídia privada e fiquem fazendo este jogo de distorção dos fatos, alias o que está de acordo com a pratica da grande mídia que criminaliza os movimentos sociais e ataca qualquer iniciativa de interesse popular”, afirma Lopes.
O coordenador de comunicação da ABRAÇO também questiona a postura da ABERT em relação às emissoras privadas: ”eles (ABERT) deveriam cuidar das irregularidades de seus associados, que não cumprem a constituição, veiculam uma programação de baixíssima qualidade, alugam espaços para igrejas e transferem concessões, o que é proibido por lei”. Lopes cobra uma posição da entidade empresarial sobre “as emissoras comerciais que discriminam e invisibilizam o negro, exploram o corpo das mulheres e ridicularizam os homossexuais. Cadê a ABERT?” Ele questiona a associação empresarial por não assumir uma posição sobre as emissoras comerciais com outorga vencida, ”enquanto isso eles ficam difamando as rádios comunitárias, com o argumento, requentado e falso, de que as rádios comunitárias derrubam avião”. Por fim Lopes critica as empresas de comunicação que apoiaram ao regime militar: “Na época da ditadura quem lutava por democracia era chamado, pela mídia, de subversivo ou terrorista, a mesma mídia que hoje utiliza o argumento da liberdade de imprensa pra fugir a qualquer forma democrática.