segunda-feira, 9 de julho de 2012

Rádio comunitária pode se manter sem publicidade, diz militante


Marcelo Delfino é amante do movimento de rádios livres e comunitárias no Rio de Janeiro, admirador da extinta Rádio Progressiva, emissora que tinha sede e torre no Complexo da Maré. A emissora era tocada por uma equipe de ativistas sociais, que tinham Wladimir Aguiar à frente. ”A Progressiva tinha a vantagem da independência total, por não ter ezecutivos tacanhos como os que mataram a rádio niteroiense várias vezes. A planilha da rádio era vasta e variada”, lembra Marcelo.


Para ele, radiodifusores de rádios autenticamente comunitárias pelo país afora deveriam se espelhar na Rádio Progressiva no tocante à independência financeira, sem precisar de mendigar apoios culturais. “As rádios cariocas, sejam grandes, comunitárias ou ditas livres, estão quase todas entregues à politicagem, à Música de Cabresto Brasileira, ao jabá musical, jornalístico e esportivo e à picaretagem gospel”, lamentou. Para cumprir sua função de rádio comunitária, a Progressiva FM fazia parceria com associações de moradores do Complexo da Maré e com outras entidades que atuavam ali. A rádio não tinha comerciais. No lugar deles, colocava campanhas e mensagens educativas. Havia uma que recomendava explicitamente a substituição da margarina por manteiga, por ser mais saudável.

Na realidade, esse assunto de comercial em rádio comunitária vem rendendo, depois que a Justiça tem multado muitas emissoras comunitárias por irradiar anúncios considerados impróprios para esse tipo de estação de rádio. Conforme entendimento do Ministério das Comunicações, o anúncio em rádio comunitária deve ser institucional. Ou seja, sem promoção ou qualquer frase que enalteça o anunciante. Pode divulgar apenas o nome e um contato, seja telefone ou email. Para sobreviver, as rádios comunitárias vendem anúncios com padrão de rádio comercial. “Não tem necessidade disso”, afirma Jacinto Moreno, da Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares. Segundo ele, uma rádio comunitária tem gastos mínimos, apenas com energia, aluguel e outras pequenas despesas de manutenção, que podem ser cobertas pelas entidades que fazem parte do Conselho Comunitário da rádio. “O resto é picaretagem de espertalhões que usam a outorga de rádio comunitária para ganhar dinheiro”, diz Moreno.