sexta-feira, 6 de abril de 2012

Rádio Comunitária - A meninada toma posse do microfone


Projeto Cala-boca já morreu trabalha há dez anos na proposta de educar crianças e adolescentes, através dos meios de comunicação. Vitória Guimarães


As oficinas acontecem na sede
da ONG, no Jaguaré.

“Os meios de comunicação influenciam nosso modo de ser, pensar, agir”, diz Grácia Lopes, que, com base nessa premissa criou e atualmente coordena a organização não-governamental (ONG) Projeto Cala-boca já morreu. Com o lema “porque nós também temos o que dizer!”, o Cala-boca nasceu há quase dez anos, a partir de um programa de educação pelos meios de comunicação, desenvolvido, entre 1995 e 2003, como uma atividade sem fins lucrativos pelo GENS (Grupo Ensino-Estudo S/C Ltda), empresa de serviços educacionais.

A equipe do projeto é inteiramente composta por pesquisadores da área de educomunicação e ofereceoficinas gratuitas de rádio e vídeo, desenvolvidascom equipamentos da própria comunidade,curso de formação em educomunicação e documentaçãoem rádio, e um vídeo sobre ahistóriaatual de organizações não-governamentais, paracrianças e jovens da região. As atividadesacontecemna sede da organização, no bairro do Jaguaré,na zona oeste da cidade de SãoPaulo, e atendem, atualmente, cerca de 60 pessoas.

Para todas as ações é adotada a metodologia Cala-boca já morreu. Compreende a construção coletiva da informação em quatro etapas: pauta, divisão de responsabilidades, apresentação e acompanhamento do produto e, finalmente, a avaliação dos resultados. O sucesso desse método, especialmente na área radiofônica, foi reconhecido. A Prefeitura de São Paulo o implantou no projeto Educom.rádio, de 2001 a 2004, em parceira com a USP, com a finalidade de capacitar alunos e professores a operarem FMs nas escolas (saiba mais), e serviu de base para o Rádio-Escola, da própria GENS, uma das parcerias da ONG.

O programa Rádio-Escola criou uma rede de emissoras, em que os alunos são responsáveis pela programação e que vai ao ar. A relação entre o Cala-boca já morreu e o instrumento rádio é vigorosa. Até 2003, era apresentado um programa radiofônico ao vivo pelos jovens que freqüentaram as oficinas, em diferentes emissoras comunitárias da cidade de São Paulo. Por exemplo, os radialistas vindos das oficinas já produziram programas para a Cultura FM e AM, e para a Rádio Eldorado.

Na Rádio 8 de Dezembro, emissora comunitária de Vargem Grande Paulista (SP), a equipe produziu, transmitiu e apresentou seu material, em julho de 2000. Além de tocar uma série de programas na Rádio Charme FM, de outubro a dezembro de 2000, e manter transmissões contínuas nas emissoras comunitárias Rádio Guadalupe, da cidade de Osasco (SP), durante o ano de 2001, e Rádio Cidadã, no bairro paulistano do Butantã.

Atualmente, a ONG se dedica à capacitação de jovens educomunicadores, mas sem um canal próprio para transmissão. “Os veículos de comunicação em nosso país ainda estão concentrados nas mãos de poucos grupos”, critica Grácia, que também lamenta os casos de fechamento de pequenas rádios comunitárias. “Quando isso acontece, muitos projetos deixam de ser veiculados. Aconteceu conosco e com muitos comunicadores de diferentes cantos do Brasil”, diz. No entanto, o acervo dos trabalhos realizados está disponível em CDs, que não são comercializados.“Podem ser partilhados com grupos interessados em contribuir com a democratização da comunicação”, explica ela.

O Cala-boca já morreu está desenvolvendo, paralelamente, em São Paulo, uma oficina chamada RádioEca, no Sesc Pompéia. O objetivo é contribuir para que 30 jovens entendam e difundam em forma de produção radiofônica o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O projeto também está dando consultoria para a 2ª Conferência Nacional Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente, promovida pelo Ministério do Meio Ambiente e pelo Ministério da Educação, prevista para o final deste ano.

A Rede