Tradicionalmente avessos
ao tema, a grande imprensa sempre costuma publicar matérias ferindo a imagem
das rádios comunitárias, acusando essa mídia popular de “derrubar avião”, de
ser antro de criminosos ou simplesmente de piratear o mercado publicitário do
rádio. Com surpresa, portanto, o blog da Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares
descobriu matéria publicada no jornal O GLOBO, do Rio de Janeiro, sobre rádios
comunitárias que operam no bairro da Tijuca, naquela cidade. “Criadas
com a finalidade de levar informação, cultura, entretenimento e lazer a
pequenas comunidades, as rádios comunitárias mostram que não se restringem
apenas à sua região. Exemplos disso são os meios de radiodifusão comunitários
da Grande Tijuca, que com as ferramentas que a internet e a tecnologia da
comunicação propiciam, criaram suas homepages e, atualmente, podem ter sua
programação acompanhada em vários pontos do Brasil — e até em outros países —,
assim como as webradios. Mesmo com essa cosmopolização, elas não deixam de lado
o compromisso social com a própria região”, inicia a reportagem.
O repórter ainda procurou ouvir os radialistas comunitários sobre as dificuldades enfrentadas pelo setor. “Sem fins lucrativos e proibidas pela legislação de fazer propagandas comerciais (a não ser sob a forma de apoio cultural de estabelecimentos localizados na sua área de cobertura), as rádios comunitárias sofrem com a falta de verbas. Mas se falta dinheiro, sobra vontade. Segundo Evandro, qualquer problema de infraestrutura é resolvido pela máxima “a união faz a força”.
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Teve um dia que o microfone quebrou. ‘Rachamos’ com dinheiro do bolso dos
próprios funcionários. A rádio comunitária de verdade tem que possuir e
valorizar esse espírito de comunidade. O sentimento que rola aqui é mais amor
do que qualquer outra coisa - diz Machado, que assim como todos os outros donos
de programas na emissora, paga um aluguel pelo horário. (Trecho da matéria)
Do
outro lado da região, mais precisamente no Morro do Borel, existe a Rádio
Grande Tijuca, coordenada pelo morador Miramar Castilho. Ela começou em 2001 na
escola Oga Mitá, na Usina, e ficou lá até 2008. Quando a escola não tinha mais
espaço para sediá-la, Castilho, que era um dos radialistas mais antigos,
recebeu a doação dos aparelhos. A partir daí, a sede da rádio foi transferida
para a Rua São Miguel, e até hoje atrai atenção dos moradores da comunidade.
Com
alto-falantes espalhados pelo morro, regulada no dial 105.9 FM e com o slogan
“É você no ar”, a rádio tem uma programação ao vivo que a deixa na briga pela
concorrência com qualquer gigante da comunicação. Entre as principais atrações,
estão o “Falando de saúde”, todas às sextas, com o médico José Ribamar; o
“Programa de forró”, aos sábados e domingos; e o “DJ Mister Soul”, às quintas,
além de dois programas gospel. Na maioria deles, há sorteios de prêmios.
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Conseguimos ser bem ecléticos em nossa programação. Na favela, tem que ser
assim. Tem programa para os evangélicos, para os nordestinos, para o pessoal
que gosta de black music e charme; e dicas de saúde, que são sempre importantes
- diz Miramar.
“Sempre
pensando no futuro, o radialista diz querer ampliar a programação com um jornal
ao meio-dia, voltado para notícias e debates com foco na Grande Tijuca.
Estudante de comunicação e morador do Borel, Igor Soares disse estar à
disposição: “Queremos mostrar ainda mais o nosso comprometimento com as
comunidades tijucanas. Fazemos isso por amor à Tijuca e não por dinheiro -
afirma Soares.”