Escrito por: Pedro Peduzzi
Fonte: Instituto Telecom
Fonte: Instituto Telecom
Com mais de 5 mil veículos de comunicação
pública, o Brasil tem potencial para instituir um sistema que, integrado, poderá
ter uma dimensão inédita no mundo. Na avaliação do secretário de Audiovisual do
Ministério da Cultura, Mário Henrique Borgneth, neste cenário, o papel da
Empresa Brasil de Comunicação (EBC) seria estratégico, no sentido de criar
condições estruturais para a integração.
Borgneth defendeu que, para a EBC exercer tal papel serão necessários investimentos em conhecimento e infraestrutura, além de incentivos por meio de políticas públicas. Segundo ele, é também necessária uma liderança que enxergue as grandes demandas do sistema, como regionalização, regulação, investimento e financiamento para tirar da “indigência” boa parte dos sistemas comunitários. Atualmente, há no Brasil mais de 2 mil rádios comunitárias sendo alvo de processos.
Borgneth defendeu que, para a EBC exercer tal papel serão necessários investimentos em conhecimento e infraestrutura, além de incentivos por meio de políticas públicas. Segundo ele, é também necessária uma liderança que enxergue as grandes demandas do sistema, como regionalização, regulação, investimento e financiamento para tirar da “indigência” boa parte dos sistemas comunitários. Atualmente, há no Brasil mais de 2 mil rádios comunitárias sendo alvo de processos.
“São mais de 5 mil veículos públicos no
Brasil. Não há nenhum sistema privado no mundo com essa dimensão. Pensar isso
como sistema significa resgatar parte substancial do mandato daEBC como linha
estruturadora do sistema, com segmentos comunitários, legislativos,
universitários, educativos e cultuirais”, disse Borgneth hoje (14), no Fórum
Brasil de Comunicação Pública 2014.
Presidente da Associação Brasileira de Canais
Comunitários (Abccom), Paulo Miranda diz que o número de veículos públicos pode
aumentar ainda mais, mas que a falta de receita pode comprometer o futuro. Por
esse motivo, defende uma legislação que possibilite patrocínios para esse tipo
de mídia.
“Já conseguimos abrir diálogo [sobre a
veiculação de publicidades institucionais] com a Secom [Secretaria de
Comunicação Social da Presidência da República]. Mas até o momento os valores
apresentados são muito baixos, entre R$ 11 e R$ 60 por inserção”, disse
Miranda. Uma alternativa, acrescentou, seria instituir, no âmbito
governamental, uma política de mídia comunitária e um orçamento participativo
dentro do bolo publicitário do governo.
Na opinião do secretário Borgneth, para
evitar o uso político dos veículos públicos de comunicação é fundamental que se
crie um distanciamento entre eles e os veículos estatais governamentais. Para
isso, acrescenta, é necessário, além de estruturar os veículos estatais, dar
autonomia financeira para os veículos públicos. “Enquanto o Estado pagar a
conta do público e não houver o veículo [genuinamente] estatal, ele vai buscar
[esse canal] onde ele estiver. A tentação é muito grande, até porque o embate
[do governo] com a mídia comercial é cruel”, argumentou.
Outro ponto destacado por Borgneth é a
questão da credibilidade dos veículos públicos. “A audiência, no campo público,
é diferente do privado, e está associada à reputação e à identidade que temos
de construir, que envolve valores e cidadania com o objetivo de equipar o cidadão
para que ele possa sonhar. E, quando perceber isso, ele estabelecerá vínculos
afetivos e de confiança com o veículo público e com a sociedade”.
Mas para que isso aconteça, acrescentou o
secretário, é preciso que a sociedade “se enxergue nos veículos”, o que só
ocorre com a participação direta dela nesses veículos. “Ou seja, tem de se
oferecer canais de expressão para a sociedade”, disse ele. “Precisamos de
identificação; de um canal permanente de pertencimento”, resumiu.
“Muitas vezes os veículos caem em uma cilada
de buscar uma fotografia do Brasil de uma falsa harmonia, falsamente confundido
com o Brasil oficial, chapa branca. Quando não se enxerga o contraditório, as
contradições e os conflitos, o veículo público empurra essa reputação para o
campo do oficialismo. Mas não somos governo. Somos sociedade. E quanto mais
aprofundarmos essa identidade, menor será a vergonha do investimento social
feito nos veículos públicos de comunicação”, completou.