domingo, 10 de janeiro de 2010

Jornalismo e rádio comunitária


Diploma de jornalista ainda causa controvérsia O jornalista Dioclécio Luz escreveu:
A questão do diploma é uma boa discussão, e uma discussão necessária.
E uma discussão que nunca houve. Ou melhor (pior): houve apenas entre duas partes: os jornalistas (parte deles, claro) e os empresários. a sociedade não participou.
1) Precisamos desse debate. Não somente entre nós, jornalistas. Sempre digo que o problema atual do jornalismo não é diploma, mas a ética, a dignidade, o respeito no exercício da profissão. Um diploma não faz de ninguém mais ou menos decente na prática.

2) As comissões de ética dos sindicatos são inócuas, inúteis, corporativas. A sociedade desconhece sua existência. Os sindicatos não divulgam.
Fiz uma proposta há muito tempo: ao invés de comissão de ética, que se instale em cada sindicato uma ouvidoria. E divulguemos com a população. Ocorre que os colegas defenderão colegas mesmo quando o colega é um salafrário. (isso é típico da política, e está dentro de sindicatos). Eu não acredito numa comissão de ética formada por meus colegas jornalistas para julgar se eu fiz uma sacanagem enquanto jornalista. É, no mínimo, suspeita.

3) Temos um problema a resolver: jornalismo e rádios comunitárias. Tem sindicato (de esquerda? De esquerda?) denunciando quem faz rádio comunitária e não tem diploma.
4) O curso de jornalismo é muito bom em várias faculdades. E fazer o curso é algo que contribui para a prática. Tanto que está ocorrendo um fenômeno: muita gente entrou em rádio comunitária e viu que precisava estudar e está fazendo jornalismo. Isto é, estudar é bom. E estes sabem disso.


5) Os sindicatos, de um modo geral, precisam se modernizar. Modernizar não é seguir o governo Lula, ou lhe fazer oposição sistemática, mas se reconhecer dentro da sociedade e ver como contribuir com a sociedade. A luta de classes continua, mas não podemos considerar que ela não é estanque entre categorias e muito menos entre os problemas da cidade. Se uma fábrica polui e mata, como acontece em várias partes do Brasil, sindicato não tem que defender emprego de 50 em detrimento de 5 mil. Tem que pensar em todos. Isso é modernizar-se. No jornalismo, a questão não é o sindicato pensar corporativamente (isto é medieval); o moderno é pensar no todo. Se há um médico bandido, ele deve ser execrado da categoria; se há um advogado crápula, ele deve ser expulso; se há um jornalista picareta o sindicato não pode aceitar que isso que ele faz seja considerado jornalismo e denunciar publicamente.

6) a democratização da comunicação é um clichê usado por gentes e gentes, sindicatos e sindicatos. Mas a prática não se faz. Até a igreja, que é a coisa mais autoritária do planeta, fala em democratização... imagine...

Dioclécio Luz