EM MARI/PB – Audiência pública discute papel da Rádio Comunitária Araçá FM e poder público tenta ‘enquadrar’ comunicadores através de lei da mordaça

A audiência aconteceu no Auditório do Tribunal do Júri da comarca da cidade na manhã da quarta-feira (16) e ficou lotado de representantes do poder público, sociedade civil, integrantes e diretores da Rádio Araçá e de alguns poucos populares que na sua grande maioria acompanhou de casa através das ondas do rádio a referida audiência pública.
Em sua fala inicial, o Promotor da comarca, Dr. Manoel Serejo informou que a pauta do MP nos últimos dias tem sido as reclamações de cidadãos e do poder público com relação a rádio local; disse querer o debate sadio e respeitoso , para em seguida abrir a palavra para os presentes.
Um dos primeiros a usar da palavra foi o Professor Fernando Viana, representando o Sindismar – Sindicato dos Servidores públicos municipais. Viana foi uma das primeiras vozes a defender a liberdade de expressão e o direito da opinião livre. “O direito de pensar, dizer o que pensa sem censura é essencial”, defendeu o sindicalista. Adiante Fernando falou da importância da rádio de Mari para toda a sociedade.
O Padre Jardiel enveredou pelo mesmo caminho, defendendo o direito da liberdade de expressão, o papel que a emissora tem feito junto a comunidade, sem discriminação de cor, raça e religião. Jardiel foi além, fez uma reflexão sobre as emissoras de rádio de Guarabira (uma dos Toscanos, uma dos Paulinos, duas de João Rafael) e questionou ao Ministério Publico: “Como seria se o MP tivesse que assinar um TAC com essas emissoras? Acredito que todo dia seria descumprindo”, alertou o padre. “ Desconsiderados alguns excessos, que é comum no calor da emoção das discussões, é assim mesmo, isso nunca vai mudar”, disse o Padre Jardiel falando da participação da igreja na programação da emissora.
Daí por diante se revezaram no uso da palavra, desde alguns poucos membros de associações, alguns vereadores à uma avalanche de servidores públicos municipais e cargos comissionados dos que fazem o ‘Governo de Todos’ do município de Mari. Mas afinal, o que teria ocasionado chegar ao Ministério Público uma ‘enxurrada’ de denúncias, na sua mais absoluta maioria do poder público, contra a Rádio Comunitária Araçá FM?
O Expresso PB fez uma análise com base em dados e informações que nos remetem a entender que existe uma investida do poder público municipal no sentido de calar a voz da população quando das constantes reclamações pelos microfones da comunitária local na cobrança pela execução dos serviços públicos.
Os marienses vivem uma relação de conflito com o seu prefeito. O que seria amor até 31 de dezembro de 2012, virou repulsa e conflito a partir de 01 de janeiro de 2013 quando ao assumir o comando do poder local não conseguiu cumprir com os compromissos de campanha, tão pouco colocar máquina para funcionar a bom grado pelos menos em seus serviços essenciais.
Falta de transporte para pacientes, falta de medicamentos na Farmácia Básica, falta de Merenda nas escolas, falta de coleta de lixo e iluminação pública são alguns dos reclamos da população, justamente nas ondas da Rádio Araçá FM.
Acostumado ha durante 8 anos de seus primeiros mandatos não receber nenhum tipo de crítica da imprensa, o atual prefeito de Mari ‘foca’ sua estratégia de atuação no sentido de ‘silenciar’ a mídia, quando não contratando veículos de comunicação para fazer a propaganda oficial do governo, os acua na justiça com processos e reclamações ingressados por ele e/ou por aliados.
Acuado por greve de servidores, cobranças de serviços e cumprimento de promessas de campanha, o edil mariense e seus assessores e aliados, reagem à sua queda ‘acelerada’ de popularidade atacando a qualquer um que o critique.
Durante a Audiência Pública muito se falou em assinatura de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre o poder público e a emissora, mesmo sem deixar claro o que se pretende com esse tal TAC, ficando nítido o intuito dos que fazem o poder público municipal de ‘amordaçar’ a Rádio Araçá FM numa ofensiva jamais vista na história do município de Mari, nesses 55 anos de sua emancipação.
Para chegar a essa conclusão o Expresso PB ouviu e analisou muitas das falações dos que se pronunciaram durante a audiência pública desta quarta-feira (16). Em uma das falas, um vereador da bancada do governo sugeriu que as participações dos ouvintes nos programas jornalísticos da emissora não fossem comentadas pelos apresentadores, sob a alegação de que ao fazerem isso os apresentadores estariam inflamando a população contra o poder público.
Os apresentadores do programas jornalísticos, ao usarem da palavra, se negaram a aceitar qualquer tipo de cerceamento da liberdade de opinião a respeito de qualquer fato e ou informação, denúncia e/ou reclamação que forem feitas nos respectivos programas.
O Presidente da Emissora, Severino Ramos, ao usar da palavra também se negou a assinar pacto que amordace o direito de opinião dos comunicadores da emissora, bem como o da sociedade.
Ao final da audiência pública, o Ministério Público convocou uma reunião entre as partes para que possam, se possível, assinar o tão comentado TAC , bem como definir suas regras.
Para o Presidente da Abraço-PB (Associação Brasileira de Rádio Comunitária), José Moreira, em mais de 2 mil anos a humanidade não encontrou uma forma de eficaz de organizar a vida social do que a democracia e cercear o direito da liberdade de se expressar é no mínimo acabar com sua essência.