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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Ativista comunitário lembra fenômeno das rádios livres e contradições no movimento

Pichação em prédio da Anatel, em Goiânia

“Já se passaram 33 anos desde o fenômeno das rádios livres em Sorocaba – SP, onde em menos de três meses colocaram mais de 30 emissoras de rádios livres no ar. Neste período, foram instaladas mais de 30 mil emissoras, o que coloca o Brasil como o maior fenômeno radiofônico do mundo.

Fomos um dos primeiros a pautar o debate sobre a democratização da mídia, na formulação de um projeto político pela liberdade de expressão e o mais importante, a comunicação como espaço de luta social e de classes. Nestes 33 nos também tivemos revezes, seja na institucionalidade, que dizimou a todos, na criação de uma lei horrível, nas disputas de poder com a criação das entidades de representação, muitas vezes desconectadas com a base e articuladas por partidos ou numa estratégia equivocada de ocupação desordenada do espectro, que criou falsas emissoras e o proselitismo.
 
Além disso, o debate conceitual do sentido de existência das Rádios Comunitárias se perdeu, ou seja, fazemos rádios para a reprodução de valores da classe dominante (como machismo, homofobia, nazi pentecostalismo, etc) ou somos um movimento que deve servir e dar um passo adiante no verdadeiro sentido da luta de classes e na construção da consciência popular?

Durante estes 33 anos, ao invés de avançarmos para a efetiva luta de um projeto político na comunicação, fomos guiados pela institucionalidade, de criação de leis restritivas, na qual algumas lideranças a justificam como "lei Mínima", sem olhar que sua institucionalização dizimou e processou em plena democracia 33 mil pessoas.

Meu querido amigo 
José Guilherme Castro ex-militante da Rádio Favela FM de Belo Horizonte há vários anos, dizia que existem 30 mil rádios instaladas e não ocupadas pela sociedade, e a falta de um projeto político de esquerda para a comunicação levaria este movimento ao seu extermínio ou tomada pelas forças conservadoras, fato que hoje merece ser estudado e avaliado por todos. 

Hoje temos no Brasil cerca de 5 mil rádios autorizadas, milhares de militantes espalhados em todo o brasil e nenhuma conquista efetiva neste segmento. A esquerda brasileira hoje aposta na internet, nas redes sociais e nas rádios web por serem (em tese) livres e num espaço onde a comunicação flui com mais rapidez e em todas as partes do planeta.”
Jerry Oliveira (Campinas/SP)