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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

A rádio comunitária é de quem mesmo?

POR DALMO OLIVEIRA

A mídia paraibana divulgou com estardalhaço hoje a notícia de mais uma rádio “comunitária” incendiada criminosamente. Desta vez aconteceu em Alhandra, no litoral sul do estado. Além do crime contra a liberdade de expressão, o que mais chama atenção na notícia é que todos os veículos da imprensa local noticiaram que a emissora PERTENCE ao deputado estadual Branco Mendes (PEN). Mas como assim? Rádio comunitária com dono? Ainda mais um político…
Na Paraíba pode tudo e o fato é que a imensa maioria das concessões liberadas no estado para rádios comunitárias está na mão de “proprietários”, boa parte deles com mandato eletivo ou de laranjas vinculados aos políticos. O caso de Alhandra é apenas mais um e chama a atenção porque o deputado sequer sente constrangimento em ir para imprensa dizer que possui uma emissora FM “comunitária” há mais de 15 anos.
O pesquisador Fábio Mozart, em seu livro “Democracia no ar”, já havia feito uma radiografia dessa situação das rádios que se dizem comunitárias na Paraíba. O coronelismo eletrônico é abordado também em diversas teses e dissertações nas universidades, mas o Ministério da Comunicação continua leniente em relação a esse tipo de fraude.
O estelionato midiático ocorre de norte a sul, mas não se pode indicar culpados individuais. O problema está na falta de consciência e de educação para comunicação do povo em geral. As verdadeiras rádios comunitárias são desprezadas pelo público ouvinte de rádio. As emissoras da comunidade não se sustentam porque a própria comunidade se negar a anunciar nelas, sem falar que a atual legislação impede que as comunitárias possam anunciar comerciais como fazem as emissoras comuns.
Desse jeito, as FMs que se dizem comunitárias são presas fáceis dos interesses políticos paroquiais. Se tornam repetidoras das grandes redes radiofônicas e não servem ao papel para o qual foram pensadas: a emancipação das comunidades e da cidadania.