POR DALMO OLIVEIRA
A mídia
paraibana divulgou com estardalhaço hoje a notícia de mais uma rádio
“comunitária” incendiada criminosamente. Desta vez aconteceu em Alhandra, no
litoral sul do estado. Além do crime contra a liberdade de expressão, o que
mais chama atenção na notícia é que todos os veículos da imprensa local
noticiaram que a emissora PERTENCE ao deputado estadual Branco Mendes (PEN).
Mas como assim? Rádio comunitária com dono? Ainda mais um político…
Na Paraíba pode tudo
e o fato é que a imensa maioria das concessões liberadas no estado para rádios
comunitárias está na mão de “proprietários”, boa parte deles com mandato
eletivo ou de laranjas vinculados aos políticos. O caso de Alhandra é apenas
mais um e chama a atenção porque o deputado sequer sente constrangimento em ir
para imprensa dizer que possui uma emissora FM “comunitária” há mais de 15
anos.
O pesquisador
Fábio Mozart, em seu livro “Democracia no ar”, já havia feito uma radiografia
dessa situação das rádios que se dizem comunitárias na Paraíba. O coronelismo
eletrônico é abordado também em diversas teses e dissertações nas
universidades, mas o Ministério da Comunicação continua leniente em relação a
esse tipo de fraude.
O
estelionato midiático ocorre de norte a sul, mas não se pode indicar culpados
individuais. O problema está na falta de consciência e de educação para
comunicação do povo em geral. As verdadeiras rádios comunitárias são
desprezadas pelo público ouvinte de rádio. As emissoras da comunidade não se
sustentam porque a própria comunidade se negar a anunciar nelas, sem falar que
a atual legislação impede que as comunitárias possam anunciar comerciais como
fazem as emissoras comuns.
Desse
jeito, as FMs que se dizem comunitárias são presas fáceis dos interesses
políticos paroquiais. Se tornam repetidoras das grandes redes radiofônicas e
não servem ao papel para o qual foram pensadas: a emancipação das comunidades e
da cidadania.