A sambista Beth Carvalho deu literalmente o tom no ato que
reuniu artistas e intelectuais hoje (11), no bairro da Lapa, região central do
Rio de Janeiro. Ela encerrou as falas com uma sugestão: “Proponho construir uma
rede democrática de comunicação em defesa da legalidade tal como fez o
inesquecível (Leonel) Brizola em 1961”. A cantora defendeu que essa rede tenha,
como “cabeça”, a EBC, TV Brasil, Rádio Nacional, TVT, TVs educativas, rádios
comunitárias “e todos os que quiserem participar e quiserem ajudar a derrotar
esse golpe”.
“Essa
ferramenta faria contraponto para mobilizar o povão que não tem alternativa de
informação”, acrescentou Beth Carvalho, que entoou um samba recém-composto:
"Não vai ter golpe de novo/ reage, reage meu povo”.
O
cantor e compositor Nelson Sargento, de 91 anos, saudado pela comunidade
artística no palco, declarou: “Eu não ia dormir sossegado se não tivesse vindo
aqui hoje”. Recebeu um beijo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Juntos
Como
sempre muito esperado e aplaudido desde o início do evento, o cantor e
compositor Chico Buarque falou três frases. “Não teria muito mais coisas a
dizer do que já disse no Largo da Carioca (no dia 31). Já que cheguei aqui e
fiquei besta quando vocês começaram a dizer ‘Chico eu te amo’, nós também
amamos todos vocês e essa energia. Estaremos juntos em defesa da democracia.
Não vai ter golpe”, disse Chico.
Também
muito aplaudido, o teólogo Leonardo Boff usou bom humor: “É muito bom eu falar
por último, para fazer o sepultamento do impeachment”, afirmou. “Eles também
(os golpistas) falam em democracia. A democracia dos ricos. Democracia para os
ricos nós não queremos. Queremos uma democracia social inaugurada por Lula e
Dilma. Queremos uma democracia participativa, que enriqueça a democracia
representativa, que vem de baixo, onde os movimentos sociais contam. A crise
trouxe a pergunta: que Brasil nós queremos? As ruas estão mostrando.”