Leo Carneiro, fundador da rádio de Jacumã, no Conde |
No Brasil são sete
famílias que dominam os meios de comunicação, a família Marinho da Globo, a
Abravanel (Sílvio Santos), do SBT, o Edir Macedo da Record, a família Saad da
Band, a Frias da Folha de S. Paulo, a Mesquita do Estadão e a Civita da editora
Abril (Veja). Na pequena cidade do Conde, no litoral Sul da Paraíba, a família
Carneiro encampa a Rádio Comunitária Jacumã FM – 87,9 MHZ, que opera em nome da
Associação Beneficente dos Moradores de Jacumã (ASBENJA). A rádio foi fundada
em 2010 por Ariel Carneiro e atualmente é dirigida pelo seu filho, Valdez
Carneiro.
A concentração da
mídia radiofônica comunitária local em torno de um núcleo familiar ou político
distorce o sentido e a filosofia desse tipo de serviço, segundo o jornalista
Dioclécio Luz. “A rádio comunitária tem compromisso com a comunidade, e sua
atuação deve ser pautada por um conselho comunitário realmente representativo”,
afirma ele.
Com base em estudos de
casos dessas mídias, constata-se que a dinâmica desses espaços e as lógicas de
ação que operam em seu interior têm muito a ver com a forma de funcionamento.
Quanto mais concentradas em torno de grupos familiares ou políticos, menos
democráticas serão. Em vez de serem arenas sociais de debates públicos,
atendendo aos reais interesses da comunidade, transformam-se em meras rádios de
entretenimento, sem maiores compromissos com a sociedade, com um tipo de
programação consumista e alienante. Na opinião da jornalista Neusa Ribeiro, ‘as
rádios comunitárias são instrumentos de democracia que podem contribuir no
desenvolvimento das comunidades locais’.
Conforme depoimento do
professor Flávio Roberto Gomes de Medeiros, morador da localidade, “a rádio é
de propriedade da família Carneiro, não tem reunião, ninguém sabe de nada da
vida da emissora, é uma coisa fechada. Quem manda é Valdez e Netinho, filho do
ex-vereador Leo Carneiro. A programação é muito ‘amarrada’. Tinha um programa
de muita audiência, com Gilson Alves e Portugal Fernandes, mas foi tirado do
ar, provavelmente por questões de interesses políticos”, disse Medeiros.