O grande
público já está tendo uma idéia melhor do que está acontecendo, graças a uma melhora na cobertura de imprensa.
A Folha de S. Paulo, através do jornalista Daniel Castro, é o veículo que melhor está se
sobressaindo no assunto. O jornal tem o mérito
de mostrar os vários ângulos da questão, sem maniqueismos de qualquer espécie.
O jornal
pode tanto falar de uma emissora picareta como a Rádio Planeta 90, pertencente a
um falso padre (o Padre Chico) cujo sinal chega até a Santa Catarina ou abrir
espaço para rádios comunitárias enquanto projetos sociais como a Rádio Favela,
de Belo Horizonte, que está situada numa das maiores favelas da
cidade, a Serra. Outros jornais não podem fazer o mesmo, até porque muitos
deles estão ligados aempresas que possuem estações de rádio.
Outros
veículos que se destacaram ao abrir seu precioso espaço para a temática das emissoras
de pequena potência foram as revistas Imprensa e Caros Amigos.
“Rádios
comunitárias: livre para navegar nessas ondas?”
Por
Rodney Brocanelli
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Lobão |
Rádios
comunitárias também reclamam das rádios piratas
MARCIO
FURUNO
ESPECIAL
PARA FOLHA
A pesar
de existir, desde fevereiro de 1998, uma lei federal que regulamenta a
radiodifusão comunitária, essas emissoras continuam na mira das autoridades,
que ainda parecem confundir rádios comunitárias e livres com as rádios
piratas. "Não há vontade política de cumprir a lei, porque ela fere
interesses de grandes grupos", observa Chico Lobo, que milita há 15 anos
na radiodifusão comunitária.
Chico explica que as rádios livres e comunitárias operam sem fins lucrativos.
As livres são segmentadas. "Pode ser uma rádio que toque só rock, reggae
ou rap", diz. As comunitárias devem prestar serviços e oferecer uma
programação plural a uma determinada comunidade. Tanto as livres quanto as
comunitárias operam com transmissão de até 25 W de potência. Não é o caso das
rádios piratas que, para Chico, buscam exclusivamente o lucro e, em alguns
casos, operam com potência bem superior a 25 W.
Segundo ele, as rádios comunitárias e livres não causam interferência nas
telecomunicações, como reclamam alguns opositores da radiodifusão livre.
"Se juntarmos 500 rádios, a potência delas daria a metade da potência de
uma rádio convencional", observa.
Já Edson Amaral, da Abraço-SP (Associação Brasileira de Radiodifusão
Comunitária), acredita que, só no Estado de São Paulo, existam entre 2.000 e
3.000 rádios clandestinas. Desse número, 20% são comunitárias. A associação
reúne cerca de cem rádios da capital e do interior. Amaral explica que,
dependendo da localização em São Paulo, uma rádio de 25 W de potência
consegue ser ouvida por 25 mil a 30 mil pessoas. Ele observa que muitas
pessoas desvirtuaram a radiodifusão comunitária. "Muita gente quer levar
vantagem e ganhar dinheiro", diz. O fato de políticos controlarem 2.000
rádios piratas no Brasil, como noticiou a Folha há um mês, não ajuda
muito.
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