Beto Palhano, Dalmo Oliveira, Fábio Mozart e Marcos Veloso |
A diretoria da Sociedade Cultural Posse Nova
República está sob nova batuta: assumiu a presidência da ONG o teatrólogo e
radialista comunitário Marcos Antônio Veloso. A primeira reunião da nova
diretoria ocorreu neste domingo, 26, na sede provisória da entidade, no Bairro
Ernesto Geisel. “Estamos motivados para implantação de uma radioweb, resgatando
o antigo projeto de rádio comunitária e com uma programação composta 100 por
cento de música paraibana”, diz o novo presidente.
Uma outra deliberação aprovada durante a
reunião foi o projeto “Cine Cuiá”, que pretende implantar experiência de
cineclube nas comunidades adjacentes. “A ideia surgiu por acaso numa conversa
que a gente fazia sobre o cinema paraibano, pernambucano, o cinema mais
experimental. Depois das projeções vamos convidar alguns realizadores para
debater com a plateia. Explorar algumas temáticas e provocar a discussão da
comunidade”, informa Veloso.
Os diretores da ONG decidiram ainda encampar
duas atividades sociais direcionadas ao Geisel: “A primeira será a organização
de uma manifestação pública para reivindicar homenagem ao Maestro Vilô, dando
nome ao overdrive que o Governo da Paraíba está construindo na BR 230 defronte
para a entrada principal do bairro. Não concordamos com a homenagem que está
sendo proposta ao ex-governador pernambucano. Temos paraibanos ilustres que
merecem esse tipo de homenagem, além disso o Maestro Vilô foi morador-fundador
do Geisel, onde finalizou seus dias”, defende Marcos.
A outra atividade programada é a retomada da
discussão com a comunidade para a mudança definitiva do nome do bairro, com
base numa recente lei estadual que determina a retirada de homenagens aos
ex-ditadores que presidiram a República no período da ditadura civil-militar
que assolou o país a partir de 1964. “O general Ernesto Geisel foi um dos
ditadores mais autoritários e perversos no enredo antidemocrático que jogou
nosso país num período de obscurantismo, onde centenas de cidadãos foram assassinados
covardemente. Nossa comunidade sempre esteve incomodada com essa homenagem que
o general fez a si próprio. As pessoas que moram aqui não merecem conviver com
esse tipo de sombra do mal e a lembrança eterna de uma figura que contribuiu
fortemente para o atraso civilizatório e democrático do Brasil”, comenta o
jornalista Dalmo Oliveira, diretor de comunicação da ONG.
Segundo ele, a ideia é iniciar um processo de
conscientização dentro da comunidade, com a distribuição de panfletos e
realização de plenárias populares para discutir o tema. “Vamos preparar o
bairro para escolher outro nome num plebiscito, envolvendo a Câmara de
Vereadores e a Prefeitura de João Pessoa”. O ativista é simpático à ideia de
expandir o nome “Cuiá” para o que hoje é conhecido como “Geisel”. “É um nome
que tem uma identidade local, nome do rio que corta o Vale do Cuiá. Corta todo
o bairro do Geisel. Tem um apelo ecológico e resgata uma palavra da língua
tupi-guarani, o que é muito bacana”, defende.
Os dirigentes da associação cultural
decidiram ainda reeditar o jornal comunitário “Olhos Abertos”, que circulou por
um bom período na zona sul da capital. Durante a reunião, o presidente
formalizou também convite ao advogado João de Deus Rafael Júnior para ingressar
no quadro de sócios da entidade. Convite aceito de imediato pelo jurista que
também participara da reunião.