A
Rádio Comunitária nasce do processo de formação popular das lideranças da
Paróquia Santa Inês, de Quilombo, e do compromisso de democratizar os meios de
comunicação social, contribuindo com a transformação da sociedade. Foram doze
anos de luta e resistência com o objetivo de Democratizar a comunicação e ser a
VOZ DO POVO, respondendo às necessidades e interesses da comunidade, abrindo
espaço para a valorização da cultura do povo elevando o nível de consciência
das pessoas.
As
Entidades organizadas de Quilombo/SC, na metade da década de 1990, diante da
conjuntura começam a pensar na possibilidade de “ter uma Rádio Comunitária onde
o povo possa falar”; “uma rádio popular e democrática que defenda a vida,
especialmente dos mais pobres”; “... nesta rádio todos devem ter espaços de
falar: crianças, jovens, mulheres, idosos, as diferentes culturas”. “Deve ser
uma rádio popular, do povo”. Essas eram algumas expressões das lideranças que
participaram do processo inicial.
Para
viabilizar este sonho, criam a Associação de Entidades Rádio do Povo – ADERP. A
necessidade e o desejo de ter um instrumento como a Rádio Comunitária era
grande. Ao mesmo tempo em que encaminhavam os documentos, aguardavam a outorga
do Ministério das Comunicações, decidem que a radio deveria ir ao ar. No ano de
1996, no mês de abril, a comunidade pôde ouvir a Rádio do Povo FM “A Voz que
chega até você”, na frequência 98.5, com estúdio organizado na sacristia da
igreja. Um grupo estava animado e entusiasmado com a proposta, outro grupo via
como um problema. Por fim, as denuncias feitas pela elite da região fez com que
a Polícia Federal chegasse a Quilombo. No dia 22 de maio de 1996, depois de um
dia de tensão, a aparelhagem da Rádio Comunitária foi desligada e a comissão
provisória intimada a depor, e posteriormente apresentar-se no Fórum da cidade.
Porém,
os caminhos para a construção dos mais lindos sonhos são marcados também por
grandes dificuldades. Mas como diz a música: “se fecharem uns
poucos caminhos, mil trilhas nascerão”. E nesse momento se avança na
mobilização da sociedade, pessoas e famílias inteiras se solidarizam e passam a
somar força nessa luta. Milhares de abaixo-assinados, dezenas de moções de
apoio e uma família assume a responsabilidade de guardar os aparelhos lacrados.
No
dia 14 de junho de 1996, as Entidades organizam uma mobilização de repúdio pela
censura e fechamento da Rádio Comunitária, lançando a campanha “Em defesa da
cidadania do povo e pela democratização do livre direito de comunicação”. A
Constituição Federal no artigo 5º inciso IX diz: “é livre a expressão da
atividade intelectual, artística, científica e de comunicação,
independentemente de censura ou licença”.
A
consciência de que a liberdade de expressão é um direito do povo e, é a maior
garantia de justiça social, de democracia e de paz, fez com que as entidades
envolvidas organizassem ações estratégicas na luta pela garantia Rádio
Comunitária. Neste sentido houve vários encontros de formação, de estudo, de
intercambio, com busca de novas experiências e também é encerrado o
funcionamento da associação.