Fábio Mozart e Rodrigo Brandão na Rádio Tabajara da Paraíba |
O cineasta Rodrigo Brandão está na fase de
pré-produção da ficção de longa-metragem que narra a história de comunicadores
populares paraibanos que lutam para dividir o espaço com as grandes corporações
da mídia radiofônica, operando rádios de baixa potência em pequenas cidades e
bairros das periferias dos grandes centros urbanos. O roteiro tem como base o
livro “Democracia no ar”, do jornalista Fábio Mozart. Segundo Rodrigo, o filme
atualmente encontra-se em estágio inicial de desenvolvimento, por meio da
pesquisa, entrevistas com os envolvidos com rádios comunitárias na Paraíba e a
roteirização, ao mesmo tempo em que busca parcerias e captação de recursos.
O cineasta acredita que a proposta e mensagem do filme é
bastante propícia para o conturbado momento atual político do país: "A
população brasileira está muito dividida, intolerante e tensionada atualmente.
Há uma falsa impressão (principalmente nas redes sociais) de que as pessoas
estão mais politizadas, mas creio que na verdade só estão fortalecendo suas
próprias crenças ao encontrarem pessoas que pensam de forma similar. Há uma
falta de racionalidade para discutir problemas comuns a todos, mas infelizmente
a maioria está mais preocupada em atribuir questões como a desigualdade social,
o aborto e o liberalismo econômico a ideologias e partidos políticos”,
considera ele. “Uma das funções da narrativa é justamente a formação de
comunidades, e a maior motivação para a
realização desse filme é tentar aproximar pessoas de diferentes religiões,
classes sociais e ideologias políticas, para a reflexão sobre todo esse
processo por meio da natureza democrática das verdadeiras rádios comunitárias”,
disse Rodrigo.
O livro aborda o processo de criação da Rádio Comunitária
Araçá FM, em Mari, a instrumentalização de emissoras do tipo no país e o
aprendizado da comunidade em torno de uma comunicação emancipadora. “Democracia no ar é um livro importante,
que serve de base para estudantes, comunicadores populares e pesquisadores num
espaço onde as publicações são raras e, muitas vezes, sem conteúdo crítico em
relação às práticas negativas adotadas em muitas rádios ‘comunitárias” do país’”,
afirmou o jornalista paraibano Manassés de Oliveira.