Rádio Comunitária em Viamão - RS |
Mal renunciou o presidente da ANATEL, a rede GLOBO
iniciou a limpeza moralizadora do espectro eletromagnético. Somente um ingênuo
ou cretino para não perceber que a pretensão é a entrega do espectro ao
conglomerado dos banqueiros internacionais. Estes, donos do satélite, controlam
as telefônicas associadas à indústria global de entretenimento. Para os
banqueiros, a nova ordem é limpar o espectro de todas frequências que impedem a
expansão de seus negócios. Pouco importa que sejam rádios comerciais, estatais,
publicas ou comunitárias. Aliás, as comunitárias são o alvo principal, pois,
mesmo sendo de políticos, pastores ou dos patronos da comunidade, formam uma
grande malha de emissoras que se firmaram como as "rádios oficiais” dos
pequenos municípios e comunidades isoladas.
No Rio Grande do Sul, a Tupancy FM, de Arroio do Sal, no litoral norte, é o
melhor exemplo do empreendedorismo comunitário, bem como a Itapuã de Viamão, na
periferia da capital, é outro ótimo exemplo. Paradoxalmente, só não vão ser expulsas
do espectro as ditas "verdadeiras rádios comunitárias” - as emissoras da
esquerda bem pensante - pelo fato de que estas não existem no espectro. As
razões para tal fracasso deveriam fazer parte da autocritica das esquerdas,
mas, o fato, é que estas não existem nas cidades onde atuam os movimentos da
reforma urbana e social; nem nos
sindicatos de trabalhadores que capitulam perante o patronato; nem nas
universidades sob o tacão dos inquisidores e queimadores de livros suspeitos.
Assim, como não existem nos acampamentos e assentamentos do campesinato. Em
cada lugar de luta, é vero, existem assessorias de comunicação, mas o direito à
comunicação implica em ter - no sentido do direito a comunicação eletrônica
- uma estação de radio.
Quem refresca cu de pato é lagoa e rádio
comunitária não é um discurso a seu favor e sim uma emissora que ocupa um lugar
no espectro que, por razões de soberania , é um território no espaço que
pertence ao povo, assim como pertence ao povo a Amazônia, as águas marítimas e
o pré sal. Porem, o movimento pela democratização das comunicações perdeu 16
anos atirando pelas costas nestas emissoras comunitárias em nome da
radiodifusão ideal com programação ideal - onde a gestão é feita
por ativistas ideais, límpidos, insípidos e inodoros.
O governo Lula e Dilma nunca apoiaram nenhuma
politica para fomenta-las, pois que apostou tudo no monopólio e na comunicação
publica /estatal que, na verdade, nunca passou de 2% de audiência. Mais uma vez,
o povo vai pagar a conta do golpe e agora vão calar a voz das pequenas
emissoras que, se não são ao gosto das esquerdas, botam a voz do povo no ar pra
pedir luz, limpeza de rua e de terreno baldio, vaga em creche e também pra
divulgar forró ou bailão, pedir remédio usado ou fazer rifa pra cadeira de
rodas. Diante do modo que nos relacionamos com as 3.870 rádios comunitárias do
Brasil – o radio difusor das vilas – nunca soube com quem estava falando: se
com os democratas da comunicação ou com a ABERT. Serão tempos divertidos pra
quem não morrer de fome.
(Publicado no grupo
Radcom, no Twitter – Assinado por Luiz Carlos Vergara)