O que a mídia alternativa, independente e
livre tem feito para incluir as mulheres? Por que muitos movimentos sociais
denunciam a cultura de estupro, mas não realizam este debate dentro dos seus
núcleos? Como a legislação das Rádios Comunitárias contribui para a reprodução
de práticas opressivas?
Todas essas perguntas fizeram parte da roda
de conversa sobre Machismo na Esquerda e Mídia Comunitárias nos Megaeventos,
que ocorreu na manhã da última quarta-feira (3) durante a Jornada de Lutas
contra Os Jogos da Exclusão. A Associação Mundial de Rádios Comunitárias
(Amarc) e a Marcha das Vadias uniram as duas atividades para fazer uma
discussão ampliada sobre as temáticas.
Ao todo, cerca de 40 pessoas participaram do
encontro. A maior parte do público era composta de mulheres que encontraram na
roda de conversa um espaço para compartilhar experiências e pensar em práticas
que possam fortalecer a presença feminina nos coletivos.
Para a psicóloga e feminista Mariana Queiroz,
os principais desafios das mulheres passam pela capacidade de se auto-organizar
para compreender o tipo de violência que está ocorrendo e pelo debate sobre a
forma de fazer e pensar política dentro do movimento.
Já o integrante do Conselho Político da
Associação Mundial de Rádios Comunitárias (Amarc), Pedro Martins, falou sobre o
machismo presente nas rádios comunitárias e na dificuldade das mulheres em
participar dos espaços de decisão das emissoras.
Martins também destacou a necessidade urgente
de mudança na lei 9612 que rege as rádios comunitárias no Brasil. Segundo ele,
a legislação é restritiva por entender o conceito de comunidade como algo
geográfico, não atendendo grupos de interesse como feministas e LGBTs que
também poderiam se apropriar do rádio.
Amarc