Faleceu em 11 de abril o radialista Chico Lobo, paulistano, professor de linguagem radiofônica e um dos mais antigos militantes do movimento de rádios livres e comunitárias no Brasil. Desde 1985, Chico Lobo atuava na criação e defesa das chamadas rádios livres, tendo criado as pioneiras Rádio Xilik, da PUC, Rádio Dengue, Rádio Favela, de Minas Gerais, Rádio Onze e colaborou na instalação de cerca de duzentas rádios livres e comunitárias em quase todos os estados do Brasil. Chico Lobo também apoiou e militou na luta anti-manicomial.
Para o radialista comunitário paulistano Jerry Oliveira, Chico Lobo está no topo da lista dos primeiros formuladores de um programa político para a democratização da Comunicação no Brasil. Montaram o Código de Ética da Radiodifusão Comunitária, fundaram o Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação, colocaram mais de 20 mil transmissores de rádios livres e comunitárias pelo Brasil afora, ainda segundo Jerry, citando muitos nomes em todas as unidades da Federação. Na Paraíba, Jerry cita Dalmo Oliveira, Sônia Lima e Fábio Mozart como seguidores da filosofia comunicacional democrática de Chico Lobo. “Foram estes companheiros e companheiras que saíram pelo Brasil afora, montando rádios e dando voz às comunidades, bravos combatentes que peitaram a estrutura mais conservadora da sociedade brasileira que é a ABERT e o monopólio das comunicações no Brasil, seguindo o exemplo de Chico Lobo e outros heróis”, afirmou Jerry Oliveira.
Jerry
Oliveira, da Rádio Comunitária Noroeste de Campinas, São Paulo, lamentou a
morte de Chico Lobo e relembrou momentos das lutas comuns. “A última mensagem
de Chico Lobo pra
mim veio através do José Guilherme Castro, da Rádio Favela de Belo Horizonte.
Ele estava indignado com a falta de solidariedade do PT de Campinas sobre os
atentados que sofri. Momentos depois um texto do Zé circulou nas redes pedindo
solidariedade a mim e ao Chico, pois a coisa não estava boa para nosso lado.
Conversamos depois sobre o abandono da esquerda em relação à nossa causa. Não
consigo chorar sua perda, pois cada vez que lembro dele começo a rir dos
momentos felizes que passamos juntos. Fui um aluno dele num curso de rádios
livres em Americana, no início dos anos 90. Eu o chamava de mestre e ele me
chamava de aluno. Um aluno que não aprendeu quase nada do que ele ensinou.
Quando o movimento se institucionalizou com a criação da ABRAÇO, Chico apontou
com clareza a merda que iria dar. Rádios para políticos, pastores e micros “Robertos
Marinhos”. A história mostrou que Chico estava certo”, lembra Jerry.