segunda-feira, 25 de março de 2013

Ouvintes de Lagoa de Dentro (PB) querem censura para rádio comunitária local



A cultura do autoritarismo continua subreptícia, impregnando até as novas gerações, é o que pensa Agnaldo Silva, diretor presidente da Rádio Comunitária Lagoa FM, da cidade de Lagoa de Dentro, no interior da Paraíba. Segundo ele, um grupo de moradores da cidade está organizando campanha para censurar os conteúdos jornalísticos da emissora, evitando críticas ao novo prefeito.
A campanha está rolando nas redes sociais com o título de “Por que não te calas, Lagoa FM?”. Daniele Brito acha que, “se não for para fazer o bem à população, se for apenas para fazer politicalha, que se calem e recolham-se à sua insignificância”. Daniele acusa a rádio de ser controlada por apenas uma pessoa, que é justamente o radialista Agnaldo Silva, “o qual pensa que tem o rei na barriga”, segundo a ouvinte.
Agnaldo aponta para um grupo de pessoas que fazem parte da nova gestão da cidade como responsáveis pela campanha que ele considera ultrapassada e antidemocrática. “O mais grave é que são pessoas jovens a pedir censura a um órgão de comunicação comunitária. Um deles diz que ‘agora entende porque existia censura no período militar’”, ressalta Agnaldo.
Hallef Nascimento, um dos ouvintes que apóiam a campanha contra a rádio, garante que o prefeito anterior é quem comandava um esquema opressor, com apoio da Lagoa FM. “Não queremos a volta da República da Chibata em Lagoa de Dentro”, diz ele.
Na cidade de Mari, a Rádio Comunitária Araçá FM também sofre pressão do novo prefeito da cidade, Marcos Martins, cujo grupo agora demanda no sentido de desalojar a emissora do prédio histórico da estação ferroviária, onde está instalada há mais de dez anos.
Ouvido pela reportagem, o radialista comunitário “Rato Branco”, da Rádio Comunitária Zumbi dos Palmares, foi curto e grosso: “Quando a rádio é feita por pessoas que não comem nos seus coxos, os poderosos denunciam e fecham, isso seja prefeito, vereador ou governador, tanto faz o diabo como a mãe do mesmo, mas se é para denunciar as safadezas dos insanos é bom para a cidade, no entanto, se for para puxar o saco dos políticos locais e dos caciques estaduais, é furada porque de comunitária só tem o nome.”