quarta-feira, 13 de março de 2013

Cartel das rádios na Paraíba


Linaldo Guedes
Cartel é um acordo explícito ou implícito entre concorrentes para, principalmente, fixação de preços ou cotas de produção, divisão de clientes e de mercados de atuação ou, por meio da ação coordenada entre os participantes, eliminar a concorrência e aumentar os preços dos produtos, obtendo maiores lucros, em prejuízo do bem-estar do consumidor. No Brasil, a formação de cartéis é considerada crime.
Aqui na Paraíba, costuma-se falar muito de cartel em relação aos postos de combustíveis. E acontece quando eles fixam um preço único para determinado produto, como a gasolina, por exemplo, e o consumidor fica sem opção para abastecer seu veículo.
Fato semelhante acontece com as nossas emissoras de rádio FM em João Pessoa. Se você ligar o dial em qualquer frequência nos horários comerciais, vai perceber uma espécie de cartel entre as concorrentes. Todas as emissoras sempre tocam as mesmas músicas, dos mesmos artistas, em diferentes programas.
Faça um teste. Escolha um horário e fique zapeando nossas emissoras de rádio. De uma para outra, não muda nem o estilo de falar dos locutores. São sempre os mesmos artistas tocando. Numa, está tocando coisas como o carango amarelo, noutra um forró de plástico e numa terceira um pagode ou sertanejo enjoado desses que tocam à exaustão. Depois, as mesmas músicas são tocadas de forma invertida em outras emissoras.
Um Plano Anual de Fiscalização foi lançado ano passado e traz estimativa sobre o tempo que MiniCom e Anatel vão dedicar à inspeção dos serviços de radiodifusão em todo o Brasil neste 2013. Mas a fiscalização que esses órgãos fazem, estão muito em cima da questão técnica ou de meras denúncias do ouvinte ou telespectador. Não se prende ao conteúdo, infelizmente.
Como rádio e tv são concessões públicas, deveria haver uma preocupação, também, em ampliar o leque dos artistas que tocam em nossas emissoras. Que se divulguem as músicas do momento (até porque muitos desses artistas patrocinam os brindes das emissoras nos programas). Mas que outros artistas e outros gêneros sejam contemplados nas programações dos DJs, como era feito até meados dos anos 80. Naquela época, havia a massificação da música brega, sim. Mas entre uma sucesso e outro descartável da época, tocava-se também samba, MPB, rock, enfim. A pluralidade da nossa música era respeitada.
Hoje, essa pluralidade só é respeitada por emissoras como Tabajara FM e Cabo Branco e algumas AMs, num flagrante implícito de cartel das nossas rádios em relação às músicas divulgadas.