sábado, 27 de abril de 2013

Memória da Rádio Comunitária Araçá FM


Andréia começou a fazer rádio comunitária com oito anos de idade

Sr. Fábio:

Meu nome é Andréia Santos, sou de Mari, filha de Nem do Bolo, muito conhecido naquela cidade. Quero dizer que tenho a maior satisfação em reencontrá-lo, agora nas redes sociais. O senhor foi uma das primeiras pessoas que me deram oportunidade em rádio. Apresentei programa com o comunicador Wagner Ribeiro na Rádio Comunitária Araçá de Mari em 1999. Comecei nessa rádio com a idade de 8 anos, graças ao senhor e ao pessoal daquela época, quais sejam Michele, Ricardo Alves, Luciano, Edileide Xavier, Mércia Chaves, professora Marizete, Sueli, Severino e o Luiz Papa.

Desde garota, adorava a rádio Araçá. Sempre que ia aos sábados para o catecismo, escapulia para a Rádio. O senhor Fábio apresentava um programa chamado Debate Comunitário, quando houve uma promoção: quem chegasse primeiro ao estúdio com a carteirinha do Clube do Ouvinte ganharia um brinde. Eu peguei a carteirinha de minha avó, que era sócia, e saí em disparada. Daí, o senhor pediu para que eu dizer meu nome no ar. Aquilo foi um sonho! Sempre quis conhecer a rádio Araçá por dentro. Desse dia em diante, fiquei sendo uma espécie de mascote da rádio.

Sempre que dava, estava eu lá, lendo alguma coisa ao microfone, participando dos programas. Passei a apresentar com Wagner Ribeiro um programa sobre a juventude, aos sábados. Depois, fiz parte do programa Estação Saudade, com Michele.

Confesso que eu tinha medo do senhor. Era tido como uma autoridade, chefe da estação do trem. Cheguei a estudar com seu filho, Max, no Colégio do Dragão.

Quando a Polícia Federal fechou a Rádio Araçá, toda cidade ficou triste. Chorei tanto nesse dia! Eu lembro quando vocês fizeram a reunião de apoio à rádio. O Luiz Papinha anunciou nas ruas no seu carro de som, convidando as pessoas para a reunião que aconteceu à noite, onde hoje é a Igreja Universal. Eu não entendia muita coisa, mas vislumbrei que ali estava acontecendo um fato muito importante para a comunidade. Uma rádio em Mari era coisa do outro mundo!
Eu ficava olhando os apresentadores, era tudo tão mágico! Daí surgiu minha paixão pelo rádio. Fiquei na Rádio Comunitária Araçá por um bom tempo, até aos 18 anos. Depois fui estudar em Bananeiras, no Colégio Agrícola Vidal de Negreiros. Tive que sair de minha cidade. Mas foi uma aprendizagem muito boa na rádio comunitária. A vida me levou por outros caminhos, me afastou do rádio. Ainda sonho em estudar jornalismo futuramente, nem que seja com 60 anos. Penso em fazer mestrado na área de comunicação e extensão na área agrária, que também me fascina.

Em Bananeiras, apresentei programa na Rádio do Grêmio Livre da escola. Também estagiei na Rádio Talismã, em Belém. Com o passar do tempo, percebi que a realidade do rádio não é tão linda assim. Uns querem status, outros servem de marionetes para políticos e acabam descaracterizando um meio de comunicação tão importante para a comunidade. Mas o rádio sobrevive, permanece firme, apesar de tudo.

Pois, seu Fábio, obrigado por ter me levado ao mundo mágico do rádio popular.

Andréia Santos